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Quinta, 11 Março 2021 12:42

Qual é a jogada Presidente das conveniências? - Mariano Brás

Quando o Presidente da República, João Lourenço, anunciou a “revisão pontual” da Constituição da República (CRA), logo pensei num trecho de uma entrevista que concedeu a dois órgãos de comunicação, há dois anos, na qual referia que estava fora de hipótese o que agora propõe.

Foi, para que nos situemos, no momento em que era confrontado com um eventual apoio seu à revisão constitucional.

Os angolanos ficaram a saber de JLO que não convinha. Se hoje, como tudo indica, já há conveniência, é natural que coloquemos a seguinte questão: qual é a jogada desta vez?

Não teremos, seguramente, uma resposta, mas o que se observa, salvo forte engano, é que a revisão constitucional não vai reflectir interesses do povo.

Estes interesses não são imediatos e/ou directos, em nenhuma parte do mundo, diga-se em abono da verdade.

O que mais preocupa é que não se descortinam caminhos que nos levem a melhorias face ao caos que nos acompanha, ainda que nos vendam a ideia de que a revisão visa ajustar a CRA à realidade do país.

É o palavreado com 45 anos de idade, mas os caminhos para o fim da fome, para mais saúde e educação são sempre uma miragem, são imaginários.

A revisão será em pontos que beneficiam a figura do PR, que poderá ver alargado de cinco para sete a duração do seu mandato.

Por que JLO precisa de mais dois anos de governação? Será para melhor preparar o seu sucessor ou, na pior das hipóteses, garantir conforto aos seus?

Para alguns especialistas, a revisão da Constituição pode fazer com que se alterem as próximas eleições, uma vez que, conforme revelam, sobra pouco tempo para o exército ora proposto, tendo em conta o ano de 2022.

O que muitos gostariam de ver revisto é o término da obrigatoriedade de os candidatos a PR serem cabeças-de-listas dos partidos políticos.

Ninguém deveria ser obrigado a juntar-se aos partidos para concorrer, mas isso (tudo indica) não interessa a Lourenço.

Enquanto nos distraímos com a revisão da Constituição, os filhos do PR estão a dar passos largos em direcção a negócios, como noticiou recentemente o site Club-K, dando conta (de) que Jéssica Lorena Dias Lourenço, a primogénita do casal presidencial, é vista em círculos empresariais como estando bem posicionada no domínio das casas de câmbios.

Segundo a mesma fonte, tudo começou, curiosamente, em Junho de 2017, assim que o papá tomou posse como Presidente da República de Angola. Isso é caso para dizer que mudaram as pessoas, mas os comportamentos continuam os mesmos.

Conforme indica a notícia, a casa de câmbio foi formalmente registada em nome de um “testa de ferro”, identificado por Victorino Nassoma Suku Baptista e uma prima, Henda Liberta Correia dos Santos e Ceita (sobrinha da primeira dama Ana Dias Lourenço).

Assim vai o país com o presidente das conveniências.

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