Em comunicado de imprensa, o vice-diretor da Amnistia Internacional para a região da África Austral, Noel Kututwa, afirmou que "o processo contra Rafael Marques de Morais é um ataque sustentado contra um indivíduo e contra o direito de liberdade de expressão em Angola".
Para o responsável da organização internacional de defesa dos direitos humanos, Rafael Marques "está a ser alvo apenas por expressar as suas opiniões e pensamentos sobre o que há de errado na sociedade no país".
"E isto tem de parar", instou Noel Kututwa.
O tribunal de Luanda suspendeu hoje, a pedido dos advogados de acusação, o julgamento sobre a acusação de violação de direitos humanos, opondo generais angolanos ao jornalista Rafael Marques, mas a defesa admite um entendimento extrajudicial.
Em declarações à Lusa, em Luanda, o advogado David Mendes, que defende o jornalista e ativista angolano, disse que o julgamento, que hoje deveria decorrer à porta fechada, conta já com nova sessão agendada para 14 de maio, após a acusação, que representa sete generais e empresários angolanos, ter pedido a suspensão para estudar nova documentação.
Os advogados da acusação pretendem analisar, nomeadamente, a documentação que confirma que, antes de publicar o livro expondo a violação de direitos humanos na província diamantífera angolana da Lunda Norte, Rafael Marques, enquanto autor, contactou um administrador das empresas envolvidas, para fazer o contraditório.
"O que está a acontecer não é senão uma represália contra um homem que lutou para expor os piores excessos que ocorrem no país", afirmou Noel Kututwa, citado no comunicado da Amnistia Internacional.
Este julgamento teve início no final do mês de março, no Tribunal Provincial de Luanda, sob forte vigilância policial e mobilização de apoiantes do jornalista angolano, cenário que não se repetiu no início desta segunda sessão, agora adiada para dentro de três semanas.
LUSA