Ambrósio de Lemos, que trabalhou durante 48 horas na província do Uíje para avaliar o grau de desempenho das forças policiais, foi informado que o combate à imigração ilegal está a ser dificultado por cidadãos nacionais, que auxiliam e facilitam a obtenção de documentos a indivíduos estrangeiros.
No final da sua visita, Ambrósio de Lemos reconheceu haver poucos meios e efectivos para o controlo eficaz, particularmente na fronteira com a República Democrática do Congo e para o apetrechamento dos comandos municipais.
"A nossa visita foi positiva. Quanto às constatações e às preocupações, levámo-las para ver, se dentro das disponibilidades, quer financeiras ou do meios existentes, podemos acudir a província do Uíje", prometeu.
O comandante Geral da Polícia Nacional apurou que os imigrantes ilegais na fronteira de Kimbata, município de Maquela do Zombo, 300 quilómetros a norte da cidade do Uíje, aliciam camponeses, jovens e outras pessoas para os ajudar a atravessar a fronteira por vias não oficiais. Esta prática, já identificada pela polícia, é comum entre populações em zonas fronteiriças, receberem dinheiro (entre 2.000 a 10.000 kwanzas) ou produtos alimentares para facilitar a entrada de estrangeiros. Por outro lado, a população alega que em muitas ocasiões a imigração também é facilitada por alguns agentes da polícia de fronteira.
O comandante da polícia na província do Uíje, Leitão Ribeiro, explicou que tem sido dada atenção especial à imigração ilegal, através do reforço de policiamento da quarta Unidade da Polícia de Guarda Fronteira.
"A fronteira da província é vasta, mas a comunidade tem estado a ajudar a Polícia na denúncia de imigrantes clandestinos que, a todo o custo, tentam entrar ilegalmente no país", acrescentou.
O comandante referiu que muitas vezes os imigrantes entram pela fronteira de Maquela do Zombo, mais concretamente na fronteira de Kuimbata, e depois percorrem cerca de 300 quilómetros para entrar na província do Uíje. Durante o percurso, encontram muitas barreiras criadas pela Polícia, que tem dificultado o movimento dos estrangeiros ilegais, explicou. Os imigrantes ilegais são oriundos do Congo Democrático, Senegal, Nigéria, Mali, Guiné-Bissau e Costa do Marfim e tudo fazem para ludibriar as forças da ordem.
O comandante garantiu que a corporação está preparada para uma possível situação de emergência, do ponto de vista da intervenção policial, e conta com efectivos da especialidade de Intervenção Rápida e com o concurso das Forças Armadas Angolanas (FAA). Apesar das dificuldades, os Serviços de Migração e Estrangeiros (SME) locais e a Polícia de Guarda Fronteira não têm dado tréguas aos imigrantes ilegais. Neste quadro, 43 imigrantes ilegais da República Democrática do Congo (RDC) foram repatriados, segunda-feira, para o país de origem, pelo Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), por via do posto fronteiriço de Kimbata.
A informação foi prestada pelo chefe em exercício do SME, em Maquela do Zombo, José Júnior, tendo realçado que do número total de cidadãos da RDC detidos entre os dias 2 a 9 do mês em curso (Dezembro), 19 deles saíram da cidade do Uíje, enquanto 24 outros foram recolhidos na vila de Maquela do Zombo. Afirmou que, no período em referência, foi recusada a entrada em território angolano de três outros cidadãos da RDC por falta de documentos.
NJ