O presidente do maior partido da oposição angolana, Adalberto da Costa Júnior, falava hoje no seu quinto comício no leste de Angola, depois de passar nas províncias da Lunda Norte e da Lunda Sul, escolhendo o Moxico para a despedida.
No discurso, Adalberto da Costa Júnior assinalou que essa é também uma região simbólica por ter sido ali que ‘tombou’ Jonas Savimbi, morto pelas forças governamentais angolanas em 22 de fevereiro de 2002, e por ter sido na cidade de Luena “que se fez a ponte para a paz” que pôs fim à longa guerra civil, de quase 30 anos, entre a UNITA e o MPLA.
“Temos tudo para não repetir os erros do passado”, exortou, sublinhando que “os angolanos estão mais maduros”.
O presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) voltou a criticar a Comissão Nacional Eleitoral por não ter publicado os cadernos eleitorais e lamentou a existência de “milhões de mortos” nos ficheiros, que não foram auditados.
“Há pessoas que foram verificar o nome do doutor Savimbi e também está nas listas para votar”, revelou, sublinhando que a UNITA já avançou com processos judiciais junto do Tribunal Supremo, Tribunal Constitucional e Procuradoria-Geral da República.
Na véspera, o candidato do MPLA, João Lourenço, que se recandidata a um novo mandato como Presidente da República, tinha ironizado com a possibilidade de fraude dizendo que os mortos não iam ressuscitar no dia 24.
Adalberto da Costa Junior atacou também as “poucas vergonhas” do governo, que disse estar a oferecer dinheiro em troca de votos, e denunciou tentativas de boicote nas províncias por onde a caravana da UNITA tem passado em campanha.
Segundo o líder da UNITA, homens que se identificaram como sendo pertencentes à Casa Militar do Presidente da República tentaram instruir os jovens da receção do hotel onde os dirigentes do partido se encontram para dizer que estava cheio e não havia quartos, imposição que não foi acatada.
“Estamos a ver aqui no leste o que já não vemos noutros sítios, senhores governadores mudem, parem com os atos de intolerância”, apelou.
A sul do país, João Lourenço falou hoje aos seus partidários no Namibe, focando grande parte do discurso em promessas de desenvolvimento e projetos para a província que pretende cumprir se for reeleito e que, na sua opinião, “mais ninguém” poderá executar.
O líder do MPLA exortou ainda os militantes a mobilizarem, pelo menos, oito cidadãos eleitores e pediu para que os ensinem “a votar corretamente no oito [lugar que ocupa o MPLA no boletim do voto], para que o boletim não seja invalidado”.
Além disso, recomendou que verifiquem atempadamente a sua assembleia de voto, antes do dia das eleições, marcadas para 24 de agosto.