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Domingo, 15 Dezembro 2013 09:08

África do Sul despede-se de Nelson Mandela

O funeral de Estado de Nelson Mandela começou esta manhã em Qunu, aldeia do sudoeste da África do Sul onde passou a infância e onde será enterrado após a cerimónia marcada por honras militares e ritos Xhosa.

A cerimónia começou às 08:15 (06:15 em Lisboa) com um cântico religioso dos ritos tradicionais xhosa "Lizali`sidinga lakho" (Cumprir a sua promessa), seguido do hino nacional "Nkosi Sikelel ` iAfrika" (Deus Abençoe África), numa tenda branca, em forma de cúpulana propriedade da família Mandela.

A cerimónia, que reúne 4.500 pessoas, incluindo personalidades estrangeiras, está a ser transmitida em direto na televisão e seguida em ecrãs gigantes em todo o país, escreve a AFP.

Depois de dez dias de luto nacional na África do Sul, e vários dias de homenagens públicas internacionais, o antigo Presidente vai hoje ser enterrado junto dos pais e de três filhos em Qunu, conforme era seu desejo.

Num breve discurso de abertura da cerimónia, o presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), Bakela Mbete, saudou Mandela, o homem que "tirou o país da escravidão, em direção à África do Sul de hoje".

A cerimónia deverá durar mais de duas horas, num ambiente mais íntimo do que as dos últimos dias.

Um representante da família de Mandela, a sua neta Nandi, e dirigentes africanos como os presidentes tanzaniano Jakaya Kikwete, e Joyce Banda, do Malawi, vão ter a palavra na cerimónia, assim como o Presidente sul-africano Jacob Zuma.

Amigos de Mandela e outras personalidades estrangeiras como o príncipe Carlos, os antigos ministros Lionel Jospin e Alain Juppé, ou o empresário Richard Branson e o defensor dos direitos cívicos Jesse Jackson assistem à cerimónia.

Pelas 10:00 (08:00 em Lisboa) será terminada a transmissão televisiva e será realizado o enterro do antigo Presidente, longe do olhar do público.

Apenas 450 pessoas deverão assistir ao enterro na propriedade da família, numa cerimónia liderada por chefes do clã Thembu, um ramo da tribo Xhosa.

Os anciões do clã velaram o corpo durante a noite. De acordo com a tradição, eles ficaram encarregues de comunicar com os antepassados em rituais iniciados no sábado, a fim de apaziguar o espírito do falecido.

Estava também previsto o sacrifício de um boi antes de o funeral começar oficialmente, para que o espírito do falecido possa descansar em paz.

Os acessos à propriedade da família Mandela estão cortados há vários dias, mas vários moradores de Qunu mantinham esta manhã a esperança de poder ver as cerimónias fúnebres.

"Estou aqui desde ontem à noite, dormi na parte de trás de uma camioneta. Pode ser que eles me deixem entrar. Seria bom dizer adeus", disse Nomvula Luphondo, um professor de 44 anos, citado pela AFP.

Outros resignaram-se a não ter acesso à propriedade. "Se a família quer assim, quem somos nós para dizer algo. É o seu corpo, o seu Mandela, cabe-lhes a eles decidir", disse Gugulethu Gxumisa, de 19 anos.

Para Gugulethu Gxumisa, que vive perto da antiga escola de Mandela em Qunu, "o fundamental é que as pessoas [em Qunu] sentem o funeral".

Os jornalistas - mais de 3.000 estão no local - são mantidos afastados durante toda a cerimónia.

O Nobel da Paz sul-africano morreu na quinta-feira, aos 95 anos, na sua casa no bairro de Houghton, em Joanesburgo.

LUSA

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