"Sobre a situação na Guiné-Bissau, posso afirmar que o secretário-geral está a acompanhar a situação com profunda preocupação. Apela a todas as partes interessadas nacionais na Guiné-Bissau para que exerçam contenção e respeitem o Estado de direito", afirmou Stéphane Dujarric, na sua conferência de imprensa diária em Nova Iorque.
Guterres continuará a acompanhar de perto o desenrolar da situação no país, concluiu o porta-voz.
Os militares tomaram, esta terça-feira, o poder na Guiné-Bissau, depois de um tiroteio que durou cerca de meia hora, segundo um comunicado das Forças Armadas guineenses.
O comunicado foi lido na televisão estatal guineense TGB pelo porta-voz do Alto Comando Militar, Dinis N´Tchama, que informa que os militares assumiram a liderança do país.
Na comunicação informa-se que foi "instaurado pelas altas chefias militares dos diferentes ramos das Forças Armadas, o Alto Comando Militar para a restauração da segurança nacional e ordem pública" e que o mesmo "acaba de assumir plenitude dos poderes de Estado da República da Guiné-Bissau".
O Alto Comando Militar informa que depôs o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e que encerrou, "até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau".
Informa ainda que estão suspensas "as atividades de todos os órgãos de comunicação social", assim como decidiu "suspender imediatamente o processo eleitoral em curso".
Os militares encerraram também todas as fronteiras do país, terrestres, marítimas e espaço aéreo nacional, e estabeleceram "recolher obrigatório das 19:00 até 06:00, até repostas as condições necessárias para restaurar a normalidade constitucional do Estado guineense".
No comunicado, explica que se trata de uma reação "à descoberta de um plano em curso de destabilização do país", atribuído a "alguns políticos nacionais com a participação de conhecidos barões de droga nacionais e estrangeiros".
Segundo os militares, o plano consistiria na "tentativa de manipulação dos resultados eleitorais" das eleições gerais de domingo, cuja divulgação estava agendada para quinta-feira.
Os militares apelam "à calma, à colaboração dos guineenses e compreensão de todos perante" o que classificam como "grave situação imposta por uma emergência nacional".
Este golpe militar em curso na Guiné-Bissau surge depois de terem sido ouvidos tiros de armas ligeiras e de guerra no centro da cidade de Bissau, capital da Guiné-Bissau, desde as 12:40, segundo relatos feitos à Lusa via telefone por testemunhas no terreno.
Já esta terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal afirmou que a normalidade constitucional foi interrompida e apelou à tranquilidade.
Face aos "acontecimentos que interromperam o curso da normalidade constitucional na Guiné-Bissau", o Governo português apelou a que todos os envolvidos se abstenham de qualquer ato de violência institucional ou cívica.
Apela ainda a que "se retome a regularidade do funcionamento das instituições, de modo que se possa finalizar o processo de apuramento e proclamação dos resultados eleitorais".

