A ordem da retirada foi dada no final de março pelo bloco regional. Em imagens difundidas pelos meios de comunicação social democrático-congoleses e ruandeses, uma longa coluna de soldados e camiões carregados de equipamento do contingente - composto por tropas do Malaui, África do Sul e Tanzânia - é vista a atravessar a fronteira com o Ruanda, país que apoia o M23 (segundo a ONU e países como os Estados Unidos, Alemanha e França).
Os soldados estão a dirigir-se para a Tanzânia, de onde seguirão para os seus respetivos destinos. “Não deixaremos nada para trás”, disse um soldado sul-africano, que pediu anonimato, ao jornal sul-africano ‘Business Day’.
Depois do M23 ter capturado Goma, capital da província de Kivu do Norte, em janeiro passado, a Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral na República Democrática do Congo (SAMIDRC) foi bloqueada até chegar a um acordo com os rebeldes, no final de março, para facilitar a sua partida.
O acordo estabeleceu que a SADC ajudaria na reparação do Aeroporto Internacional de Goma para facilitar a retirada da SAMIDRC, que apoiou a República Democrática do Congo no combate contra os insurgentes.
O pacto foi anunciado duas semanas depois de os chefes de Estado e de Governo dos países-membros da SADC terem ordenado a retirada das suas forças de paz, na sequência de uma cimeira virtual extraordinária do bloco de 16 países realizada a 13 de março.
Esta decisão foi tomada na sequência da morte de 18 soldados do SAMIDRC (na sua maioria sul-africanos) no final de janeiro, quando o M23 avançou em direção a Goma, cidade que acabou por conquistar a 27 de janeiro, após intensos combates com o exército democrático-congolês.
Passados três meses, e com vários esforços de mediação em curso, parece estar à vista uma possível solução para o conflito, com a assinatura, na passada sexta-feira, em Washington, sob os auspícios dos Estados Unidos da América (EUA), de um acordo entre a RDCongo e o Ruanda, no qual estes países se comprometeram a apresentar um primeiro projeto de pacto de paz para análise mútua, o mais tardar até 02 de maio.
O conflito intensificou-se no final de janeiro, quando o M23 tomou Goma e, em fevereiro, a capital da província vizinha de Kivu do Sul, Bukavu, ambas fronteiriças com o Ruanda e ricas em minerais.
Desde a escalada do conflito, segundo a ONU, quase 1,2 milhões de pessoas foram deslocadas em ambas as províncias.
A atividade armada do M23, um grupo formado principalmente por tutsis que sofreram o genocídio do Ruanda em 1994, foi retomada em Kivu do Norte em novembro de 2021 com ataques-relâmpago contra o exército congolês. O leste da RDCongo é afetado desde 1998 por conflitos alimentados por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).