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Segunda, 07 Novembro 2022 18:30

RDCongo utilizou dois aviões Sukhoi Su-25 no combate à ofensiva dos rebeldes do M23

As forças armadas da República Democrática do Congo (RDCongo) utilizaram dois aviões militares Sukhoi Su-25 no combate à ofensiva dos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23), um dos quais violou o espaço aéreo do Ruanda, em clima de tensões bilaterais.

O facto foi denunciado por Kigali num comunicado, em que se refere que as autoridades de Kinshasa reconheceram o incidente.

Na nota, sinaliza-se que o Ruanda “não adotou medidas militares de resposta” e acrescenta-se que o avião “regressou à RDCongo”.

"As autoridades ruandesas protestaram contra esta provocação ao governo da RDCongo, que reconheceu o incidente", destaca-se na nota.

Questionado em Goma, leste da RDCongo sobre o sucedido, um porta-voz do exército disse não ter conhecimento da situação.

Hoje de manhã, dois aviões Su-25 descolaram ruidosamente do aeroporto de Goma, em direção ao território de Rutshuru, onde o M23 vem ganhando terreno nas últimas semanas.

"Um avião de combate do exército (da RDCongo) acaba de sobrevoar Kiwanja", testemunhou pela manhã um morador da localidade que ficou sob controlo rebelde no final de outubro e está localizada na Estrada Nacional 2, eixo estratégico que serve Goma, cidade de mais de um milhão de habitantes.

Na mesma rota, Rutshuru-Centro, a cerca de 70 quilómetros de Goma, foi tomada pelo M23, a que se seguiu Rumangabo (a 45 quilómetros de Goma), local de um acampamento militar da RDCongo agora ocupado pelos rebeldes e sede de Parque Nacional Virunga.

A frente dos combates situa-se agora em torno de Rugari, a cerca de 30 quilómetros de Goma.

"Estamos em operação, enquanto houver um centímetro ocupado pelos rebeldes, continuaremos a combater. Estamos a ser atacados e a RDCongo tem o direito de colocar todos os meios à sua disposição", comentou o coronel Guillaume Ndjike Kaiko, porta-voz do exército na região.

A violação do espaço aéreo ruandês ocorreu dois dias depois de Kinshasa e Kigali terem concordado em acelerar ao máximo o acordo para aliviar a tensão bilateral em torno da atividade do M23 no nordeste da RDCongo, face às acusações de Kinshasa contra o apoio de Kigali aos rebeldes.

No passado sábado, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Ruanda e da RDCongo comprometeram-se a manter o diálogo e concertação política como via de resolução da crise política entre os dois países.

Este foi um dos pontos do comunicado final sobre a reunião tripartida entre a diplomacia do Ruanda e RDCongo e Angola, realizada em Luanda.

O objetivo foi relançar o diálogo entre os dois países face ao agravamento da tensão nas últimas semanas, com os rebeldes do M23, que passou a controlar várias localidades, obrigando ao êxodo de mais de 200 mil pessoas.

No final da reunião, os ministros acordaram também a definição de um cronograma para acelerar a implementação do roteiro de Luanda, de 06 de julho de 2022, que visa estabelecer o caminho para a paz e o desdobramento imediato do mecanismo de verificação ‘ad-hoc’ em Goma (RDCongo).

O Ruanda tem reiteradamente negado as acusações e acusa, por sua vez, a RDCongo de apoio a outro movimento rebelde, as Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR), numa crise alimentada pelo avanço consolidado do M23 nalgumas áreas da província Kivu do Norte, que culminou na semana passou com a expulsão do embaixador ruandês em Kinshasa, Vincent Karenga.

O M23 é acusado desde novembro de 2021 de realizar ataques contra posições do Exército da RDCongo em Kivu do Norte, sete anos depois de as duas partes terem alcançado uma trégua.

Especialistas das Nações Unidas acusaram Uganda e Ruanda de apoiar os rebeldes, embora ambos os países tenham negado isso.

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