Analistas estão divididos quanto ao julgamento.
O economista Faustino Mumbika disse ser estranha a ausência no processo do principal responsável pela gestão da doação do Fundo Global, o antigo ministro da Saúde, José Van-Dúnem.
Para Mumbika, o julgamento é uma peça de teatro que visa a “lavagem da imagem do Estado angolano diante da comunidade doadora”.
Por seu turno, o psicólogo Sanda Wa Ma Kumbo considera não fazer sentido que as ordens de saque tenham saído apenas com uma só assinatura e sem o conhecimento do ministro de tutela.
Opinião contrária tem, entretanto, o analista social André Augusto, para quem o tribunal não pode envolver entidades que não constem das declarações dos réus ou dos declarantes.
Augusto defende que a Procuradoria-Geral da República deve realizar uma profunda investigação sobre o caso.
Primeiro sessão
O julgamento, que decorre no Tribunal Provincial de Luanda, foi interrompido ontem e deve ser retomado dentro de uma semana.
A audiência de segunda-feira, 13, foi caracterizada pela apresentação da acusação por parte do Ministério Públicoe pelo interrogatório da ré Sónia Carla de Oliveira Neves, um dos supostos co-autores do desvio de fundos que confessou ter "usado para seu beneficio" parte do montante desviado.
O Ministério Público acusa Sónia Carla de Oliveira Neves, Nilton Saraiva Francisco e Mauro Filipe de desvios de fundos destinados ao combate à malária, avaliados em mais de 160 milhões de kwanzas e cerca de 500 mil dólares americanos.
Sónia Neves garantiu que as contas em nome do Mistério da Saúde tinham como gestores o então ministro José Van-Dúnem, o secretário-geral, Caetano da Silva, o director do Gabinete de Estudos e Planeamentos (GEP), Daniel António, e a coordenadora da Unidade Técnica de Gestão do Fundo Global, Fátima Saiundo. (VOA)