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Sexta, 30 Dezembro 2016 10:08

Blogueiro angolano morto a tiro no Brasil

Conhecido no município de Abel Figueiredo, no sudeste paraense, por criticar autoridades locais, principalmente políticos, o blogueiro angolano Walter Etna Durval, de 34 anos, que vivia há três anos no Brasil e já era naturalizado brasileiro, foi morto a tiros por um homem ao abrir a porta de casa para atender alguém que nela batia. 

Os tiros foram desferidos contra o rosto do angolano. A polícia abriu inquérito para apurar o caso e investiga a hipotese de crime de encomenda. O crime aconteceu na última terça-feira e chocou a cidade onde Walter Durval era muito conhecido. A página do blog pode ser acessada no seguinte endereço: http://ultimas24horas-u24h.tumblr.com/ 

Ele deixou a mulher, brasileira, e duas filhas menores. A polícia ainda não tem pista do assassino. A execuçao ocorreu na frente da mulher e das crianças. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal de Marabá, onde passou por perícia, e já retornou para Abel Figueiredo, onde está sendo velado na Câmara Municipal. O enterro seria realizado na tarde de hoje. 

De acordo com o blog O Folheto, o angolano foi vítima de "racismo e intolerância". "Mataram um dos principais representantes do diálogo e da democracia em Abel Figueiredo, mataram covardemente Walter Etna Duvall. Mataram covardemente porque não fazem diferente, porque não aceitam a crítica, porque insistem no racismo, porque só conhecem o "olho por olho e o dente por dente". 

"Mataram a boa política, o diálogo e tolerância. Mataram um sonhador, um "filodemos" (amigo do povo), alguém que defendia a identidade cultural. Alguma coisa tem que ser feita para quebrar a lógica miúda da intolerância. Justiça a Walter Etna Duvall... Justiça", diz o blog. 

Xenofobia? Racismo? Crime político? Fanatismo? Covardia? Categorias que evidencia uma situação política e existencial no Brasil: o coronelismo, a Lei de Talião, a ausência de diálogo, o acriticismo. "O Walter era um militante político comprometido. No começo do ano participou de reuniões e passeatas do MST, protestou diversas vezes contra a hipocrisia do impeachment da Dilma",enfatiza O Folheto. 

Segundo o blog, a vítima fez ácidas e profundas análises de conjuntura em relação ao mundo, ao Brasil, ao Pará e a Abel Figueiredo: tal fato incomodava muito em Abel Figueiredo. "Amante da língua portuguesa, defensor das raízes afro e da africanidade... Devoto na democracia, Walter era um angolano apaixonado pelo Pará! Justiça!”.(Com informações do blog Ver-O-Fato, do jornalista Carlos Mendes)

 

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