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Sexta, 15 Mai 2020 13:55

Empresa de comércio de Isabel dos Santos deve mais de €3 milhões ao BCP

A Creatambitions, uma das empresas portuguesas de Isabel dos Santos, entrou em processo especial de revitalização (PER) em fevereiro e a lista provisória de credores agora publicada revela que um dos maiores credores é o banco BCP, que reclama mais de 3 milhões de euros.

A lista mostra que o BCP é credor de um total de 3,4 milhões de euros, dos quais 2,5 milhões de créditos comuns e 895 mil euros de créditos sob condições, cuja recuperação pelo banco poderá ser mais difícil.

No total, o banco português concentra quase 15% dos créditos da Creatambitions, que ascendem a um total de 22,9 milhões de euros. No entanto, o peso do banco na tomada de decisões sobre o futuro da Creatambitions será superior, uma vez que o maior credor desta sociedade é uma outra empresa de Isabel dos Santos, a Yako Retalho Alimentar, cujos créditos, de 15 milhões de euros, são subordinados e não reclamados.

Entre os bancos, o BCP lidera. O BIC, do qual Isabel dos Santos foi acionista, tem sobre a Creatambitions um crédito de apenas 345 mil euros. A dívida ao Santander Totta ronda os 5 mil euros.

O documento agora publicado no portal Citius pelo administrador judicial, que tem a cargo o PER da Creatambitions, lista quase centena e meia de credores, na sua maioria fornecedores de produtos para as cadeias de distribuição. Há empresas de azeites, de congelados, dentífricos, laticínios, brinquedos, entre outros produtos.

O Expresso questionou os assessores de imprensa de Isabel dos Santos sobre a situação atual da Creatambitions e a existência ou não de algum plano para recuperar a empresa, mas não foi possível obter respostas imediatas.

Criada em 2015, a Creatambitions é uma empresa de importação, exportação e comércio grossista (recorde-se que Isabel dos Santos lançou naquele mesmo ano a sua própria rede de hipermercados, com a marca Candando, rompendo uma parceria que tinha com a Sonae). Tinha a sua sede em Lisboa. Este mês, contudo, a empresa formalizou a sua mudança para Vila Franca de Xira, passando a estar instalada no edifício da Olicargo, empresa de serviços logísticos.

Foi administrada até final de 2019 por Vasco Pires Rites, durante anos um dos gestores de confiança de Isabel dos Santos em Portugal, que também tinha a seu cargo outras empresas controladas pela empresária angolana, como a Yako e a Niara Power.

Após as revelações do Luanda Leaks, vários colaboradores próximos de Isabel dos Santos abandonaram os cargos que tinham. Além de Vasco Pires Rites, também Mário Leite da Silva deixou a Nos e a Efacec. O advogado Jorge Brito Pereira deixou de trabalhar com Isabel dos Santos e deixou também a advocacia.

Em fevereiro Isabel dos Santos confirmou que as suas empresas tinham empréstimos em Portugal de 571 milhões de euros, montante sobre o qual faltava reembolsar 180 milhões de euros.

“Em nenhum momento qualquer das minhas empresas falhou um único pagamento das prestações desses créditos (bem como respetivos juros e comissões associados a cada um dos financiamento)”, declarou Isabel dos Santos no seu comunicado a 20 de fevereiro, garantindo que até ao final de 2019 nenhuma das suas empresas devia à Segurança Social nem ao Fisco, nem tinha salários em atraso.

No entanto, depois do arresto de bens em Portugal na sequência do Luanda Leaks e das investigações em Angola, Isabel dos Santos anunciou que as suas empresas iriam provavelmente falhar compromissos. “Em Portugal”, frisou a empresária, “a justiça entendeu arrestar e congelar contas bancárias, bloqueando todo e qualquer movimento e, consequentemente, impedindo o funcionamento operacional e normal de qualquer organização, nomeadamente no cabal cumprimento das suas obrigações de pagar a trabalhadores, à Autoridade Tributária, Segurança Social e fornecedores”. EXPRESSO

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