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Sábado, 11 Novembro 2017 00:03

Até onde irão o poder e influência de Isabel dos Santos?

José Eduardo dos Santos já não é Presidente de Angola para continuar a garantir facilidades a filha. Será que só as habilidades de empresária de Isabel dos Santos são suficientes para lhe garantir poder e influência?

"A filhinha do papá", como também a designam, continua a ser uma das cem mulheres mais influentes do mundo, na posição 74, de acordo com o "ranking" da Forbes. A revista avalia a fortuna de Isabel dos Santos, em 2017, em cerca de 3,4 mil milhões de dólares, quando em 2016 andava em 3,2 mil milhões.

Tem interesses na banca, telecomunicações e minas, para além de dirigir a Sonangol, a pretolífera estatal angolana. É acusada de ter ascendido no mundo dos negócios graças ao seu pai.

Mas agora que José Eduardo dos Santos já não é Presidente do país a sua filha continuará a beneficiar de tráfico de infuência? O economista angolano Precioso Domingos desconfia que não: "É evidente que não tendo lá [na Presidência] o pai, que era uma peça-chave obviamente que isto vai ser um grande abalo do ponto de vista desta influência aqui em Angola, fundamentalmente."

Sonangol é ou não uma garantia de poder?

Mesmo que não venha a "abocanhar" todas as novas oportunidades de negócio, como tem acontecido, Isabel dos Santos ainda gere a mais importante empresa de Angola, a Sonangol. Esta é o garante da economia do país. Uma posição que continua a conferir-lhe poder e influência.

Mas há quem dissocie essa posição privilegiada do "ranking" da Forbes. O sociólogo angolano João Batista Lukombo é um deles e sublinha: "Mas a posição dela de uma das mulheres mais influentes é anterior a sua nomeação ao cargo de PCA (Presidente do Conselho de Administração) da Sonangol. Então não considero que seja a Sonangol que fez dela uma das mais influentes."

João Lourenço quer acabar com a "festa"?

De qualquer modo o novo Governo liderado por João Lourenço já está a tomar algumas medidas que põe em causa o conforto de Isabel dos Santos no domínio dos negócios. Competitividade é uma das bandeiras do novo Presidente.

Por exemplo, na telefonia móvel a Unitel de Isabel dos Santos opera ao lado da Movicel, empresa pública, e praticamente não há concorrência entre elas. E já no Governo anterior foi aprovada a entrada de um terceiro operador em 2018, a Angola Telecom, embora com suspeitas de entraves por parte das operadoras já no mercado. A situação poderá colocar em causa a hegemonia da empresária.

O economista Precioso Domingos espera melhores momentos: "Acredito que agora que começam a entrar novos operadores no mercado, e que não entrem em concertação com as outras empresas que já operam no mercado, aí sim, coloca-se uma situação de mais concorrência ao nível desse setor."

Mas Domingos lembra que Isabel dos Santos ainda tem trunfos na manga: "E tudo agora dependerá da Unitel beneficiar ou jogar e a seu favor o facto dela ser incumbente no mercado, ela chegou primeiro."

A hora da verdade?

E este é o momento para se por a prova as competências de Isabel dos Santos como empresária, ou da sua equipa de assessores estrangeiros pagos a preço de ouro, ou do petróleo. E caso seja demitida da Sonangol, onde as pressões para isso são grandes, as chances de perda de influência são colocadas na balança.

Precioso Domingos diz que"a influência depende da capacidade das pessoas fazerem as coisas acontecerem, e isso também está associado a capacidade de fazer networking. Mas acredito que a capacidade da própria pessoa em gerar riqueza está em não depender muito de ligações políticas".

E o economista conclui: "Mas no caso da engenheira Isabel dos Santos não tendo aí o pai penso que isso vai permitir responder a esta questão, porque as pessoas sempre relacionaram o seu sucesso a presença do pai na presidência". DW Africa

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