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Sexta, 13 Dezembro 2019 13:58

IURD é uma entidade credível que fez muito pelos brasileiros, diz ministro das Relações Exteriores

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que está a ser investigada em Angola no âmbito de dois processos-crime, é uma entidade credível que teve impacto positivo na vida de milhões de brasileiros, defendeu o chefe da diplomacia brasileira.

Em entrevista à Lusa, Ernesto Araújo salientou que a IURD, que tem protagonizado várias polémicas no Brasil, de onde é originária, e noutros países, entre os quais São Tomé e Príncipe ou Angola, onde recentemente mais de 300 pastores e bispos romperam com a liderança brasileira, salientou que a experiência dos brasileiros com a IURD "é a melhor possível".

A igreja "fez a diferença para melhor" para milhões de cidadãos e é "uma entidade extremamente importante no Brasil", bem como em Angola, onde conta com cerca de 500 mil fiéis, reforçou.

Sublinhando a "perceção da importância da igreja e da sua presença na vida de outras pessoas", o ministro das Relações Exteriores adiantou que o Governo brasileiro tem seguido o caso em Angola, procurando acautelar que não "há nenhuma injustiça cometida contra brasileiros".

"Não queremos interferir em eventuais investigações, apenas acompanhar a situação para que no quadro normativo e legal angolano haja um tratamento equitativo da igreja", referiu.

O Governo fez o mesmo em relação a São Tomé e Príncipe, onde a permanência da IURD foi posta em causa depois de uma revolta popular que provocou a vandalização de imóveis e a morte de um adolescente.

"Falámos com as autoridades são-tomenses recentemente para assegurar no sentido de haver alguma proteção aos bens da igreja", disse Ernesto Araújo.

O ministro desvalorizou os escândalos em torno da igreja liderada por Edir Macedo, salientando que a experiência dos brasileiros com a IURD é a melhor possível.

"No que diz respeito ao Governo e à maneira como encara a igreja não existe preocupação nenhuma, bem pelo contrário", afirmou, valorizando "as obras sociais" desta entidade e a presença da IURD no Brasil que "merece todo o respeito".

Apelou, por isso, a que qualquer eventual investigação ou alegado problema relativo à igreja "seja resolvido no marco legal de cada país e no âmbito da justiça".

Na semana passada, as autoridades angolanas anunciaram que foram instaurados dois processos-crime contra a IURD de Angola, tendo como base denúncias feitas em janeiro e em novembro.

As denúncias envolvem práticas consideradas criminosas, algumas porque atentam contra a integridade física de cidadãos, como a vasectomia, castração e abortos forçados, outras contra o património e outras que configuram já branqueamento de capitais e corrupção.

Em 29 de novembro, mais de 300 bispos da IURD em Angola anunciaram o seu afastamento da direção brasileira e do bispo Edir Macedo, líder da Universal, por práticas contrárias à realidade angolana e desvio de divisas.

Segundo um comunicado subscrito por 330 bispos e pastores angolanos, noticiado pela imprensa angolana, em causa estão práticas contrárias "à realidade africana e angolana" como a vasectomia, que tem sido imposta aos pastores por Edir Macedo, evasão de divisas e a venda de mais de metade do património da IURD Angola "sem consulta prévia".

Em São Tomé e Príncipe, a prisão, na Costa do Marfim, de um ex-pastor da IURD provocou uma onda de protestos, com manifestantes a vandalizarem várias igrejas desta congregação.

Em 20 de setembro, Uidumilo Veloso foi preso e condenado a 12 meses de prisão e ao pagamento de uma multa de 500 mil francos CFA (cerca de 760 euros), depois de uma queixa feita pela própria congregação religiosa, que o acusou de injúria e difamação através de um perfil falso criado na rede social Facebock. A sua mulher, grávida, foi na altura deportada para São Tomé.

Um adolescente de 14 anos de idade morreu, em outubro, devido a uma bala disparada por um agente da polícia, durante uma tentativa de assalto à catedral da IURD na capital do país.

Uidumilo Veloso encontra-se há cerca de 14 anos ao serviço da IURD na Costa do Marfim e regressou no início de dezembro a São Tomé e Príncipe.

Povo brasileiro "tem aversão" a Lula

O ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que o povo brasileiro adquiriu "aversão" ao ex-Presidente Lula da Silva e que as pessoas têm tido reações negativas às suas aparições públicas.

Questionado sobre o regresso do antigo Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva às ruas para se opor ao atual executivo e provar a inocência, Ernesto Araújo declarou que "é necessário que a justiça corra, destacando que o ex-Presidente foi condenado e não foi inocentado".

Considerou ainda que, nas suas aparições públicas, o ex-Presidente tem merecido "reação mito negativa" e "completamente espontânea" por parte da população.

"As pessoas adquiriram uma aversão muito grande à figura do ex-Presidente Lula", salientou o chefe da diplomacia brasileira, numa entrevista à Lusa em Luanda.

O antigo chefe de Estado, condenado duas vezes por corrupção, aproveitou o lançamento de uma nova edição do seu livro "A Verdade Vencerá", para anunciar o seu regresso em janeiro.

"Eles têm que saber que a partir de janeiro o Lula estará nas ruas outra vez", afirmou Lula da Silva, na terça-feira, em São Paulo. Lula, libertado em novembro após 580 dias na prisão, garantiu que tem "um compromisso de fé com o povo brasileiro" e nas futuras marchas "vai provar" ao Brasil que "não pode ser governado pelo tipo de gente" que atualmente se encontra no executivo liderado por Jair Bolsonaro.

Ernesto Araújo referiu que o Governo brasileiro não está preocupado com o regresso de Lula da Silva, nem a pensar nas próximas eleições porque "quer dar seguimento" ao seu programa e pôr a economia a crescer.

"Os números são bons, os fundamentos são bons, os juros estão baixos", vincou o ministro, congratulando-se também com a captação de mais investimento estrangeiro.

O governante afirmou igualmente que este é o Brasil real em que "a alegria de crescer" é que preocupa, sublinhando que é preciso "boa informação" que mostre a realidade das políticas do Brasil "em vez de viverem numa bolha".

Questionado sobre a visão do Governo brasileiro face a Greta Thunberg, considerou tratar-se de uma pessoa que "vive com todo o conforto" e que "quer aparecer" suportando-se em imagens e `slogans` "totalmente superficiais, que não têm nada a ver com a vida das pessoas que trabalham" e tentam mudar os seus países, combater a corrupção e criar oportunidades e também defender o ambiente, na prática.

"O importante é sair dessa bolha e procurar informar-se sobre o Brasil", referiu.

O Presidente Jair Bolsonaro apelidou a ativista sueca de 16 anos de "pirralha" ao ser questionado por jornalistas a propósito da morte de dois índios da etnia Guajajara que Greta Thunberg disse terem sido assassinados por tentarem proteger a floresta do desmatamento.

Esta semana, a revista Time elegeu a adolescente, que se tornou o rosto do movimento de emergência climática, como Personalidade do Ano.

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