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Quarta, 27 Mai 2020 19:54

Sindicato de médicos manifesta-se contra a desvalorização da classe

O Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (Sinmea) condenou o que considera ser a desvalorização da classe médica angolana pelo Governo, comparativamente ao salário de 5.000 dólares (4.563 euros) atribuído aos profissionais cubanos.

Num comunicado a que agência Lusa teve hoje acesso, o Sinmea reage à informação prestada pela ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, de que, em média, um médico cubano aufere uma mensalidade de cinco mil dólares.

Segundo o sindicato, “o salário que é atribuído ao médico cubano não é muito”, considerando que no caso, o executivo angolano “reconhece o verdadeiro salário que um médico deve auferir”.

“Deveria ser o mesmo para o médico angolano”, defende o sindicato, apelando a todos os profissionais da classe “totalmente lesados pela desvalorização” a reagir e tomar todas as decisões que estiverem ao seu alcance para repor a legalidade.

“Se for necessário, convocaremos num futuro próximo, uma assembleia para decidir uma paralisação das nossas atividades até que nos valorizem de igual modo com os médicos expatriados”, salienta a nota, acrescentando que o Governo, “se tem para pagar aos expatriados, também deve ter para pagar ao médico genuíno”.

No documento, o sindicato lembra que muitos médicos angolanos foram formados em universidades cubanas, sendo alguns inclusive colegas de sala com médicos cubanos, mas os nacionais estão há mais de um ano a aguardar os resultados do concurso público, no qual participaram através da realização de uma prova, na qual obtiveram notas inferiores a 10 valores, estando na iminência de não serem admitidos no sistema nacional de saúde.

“Por que não se faz o mesmo aos médicos cubanos”, questiona o sindicato, tendo em conta que em Cuba “estudaram na mesma sala”.

“O médico angolano, quando é admitido na função pública, aufere o salário mísero de 300 mil kwanzas [466 euros], sem residência, sem meio de transporte, as deslocações para o serviço são feitas de táxi, sem seguro de vida, sem condições de trabalho”, queixa-se o sindicato.

O Sinmea lembra que perante a pandemia da covid-19 todos os que auferem bons salários foram convidados a ficar em casa, atribuindo aos médicos “apenas um lindo nome” de “combatentes da linha da frente”.

“Arriscamos as nossas vidas e das nossas famílias para salvar aqueles que não querem saber do nosso valioso e insubstituível papel na sociedade angolana”, refere o sindicato, reconhecendo que os médicos cubanos são bem-vindos ao país, admitindo a insuficiência de profissionais nacionais.

“O Sinmea nunca esteve contra a vinda deles ao nosso país. Nós defendemos tratamento igual, tal como somos iguais na formação”, frisa o comunicado.

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