Os números do Banco Central revelam que, em Março, os depósitos totais situaram-se nos 12,1 biliões Kz, 55% dos quais em moeda estrangeira, contra 45% em Kwanzas.
Em 2012 o nível de dolarização dos depósitos no sistema financeiro angolano estava situado em 49%. Em 9 anos o nível de dolarização da economia registou um aumento na ordem dos 12 pontos percentuais.
Após a entrada em vigor da lei cambial no sector petrolífero, o nível de dolarização dos depósitos começou a cair, até atingir um mínimo de 33%, entre 2016 e 2017. Em 2018, o nível de dolarização subiu para 48% e no ano seguinte disparou para 55%. No ano seguinte, em 2020, subiu mais um ponto para 56%, o nível mais alto em 10 anos.
Os 12,1 biliões de depósitos totais correspondem à soma dos depósitos transferíveis e outros depósitos. No que respeita aos depósitos transferíveis (aqueles que podem ser imediatamente conversíveis em dinheiro ou facilmente transferíveis através de cheques, ordem de pagamentos, cartão de crédito e utilizados normalmente para efetuar pagamentos, fundamentalmente depósitos à ordem), o BNA tem registados cerca de 5,9 biliões kz, dos quais, 57% são em moeda nacional e 43% em moeda estrangeira.
Quanto aos outros depósitos, fundamentalmente depósitos a prazo, com o total de 6,2 biliões kz, a moeda externa representa cerca de 67%, enquanto a moeda nacional concentra 33%.
A culpa do regresso da dolarização é da inflação e da desvalorização do kwanza. Com taxas de inflação altas e um nível elevado de depreciação da moeda nacional, os agentes económicos são obrigados a proteger a sua riqueza e os seus rendimentos, utilizando as divisas.
Na sequência da liberalização da taxa de câmbio em 2018, o Kwanza perdeu 73%. No ano zero da liberalização, ou seja em 2018, a desvalorização foi de 46%, no ano seguinte baixou para 36% e em 2020 a moeda nacional depreciou 26,5%, outros 10 pp.
Quanto à inflação, atingiu um pico de 41,1% em 2016 em termos homólogos. Para 2021, o Governo estabeleceu uma meta de 18,7%. Mas no final de Março na conferência de imprensa a seguir ao comité de política monetária, o governador do BNA admitiu rever a meta em alta.
As restrições na oferta de produtos alimentares de origem nacional devido à seca, bem como as dificuldades observadas a nível dos importados, estão na base do aumento dos preços garantiu o governador do BNA, José de Lima Massano. MERCADO