O anúncio foi feito através de um vídeo divulgado no YouTube, na véspera do início oficial da receção e formalização das candidaturas ao XIV Congresso Extraordinário da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que se realizará entre 28 e 30 de novembro, em Luanda.
Rafael Savimbi torna-se assim o primeiro militante a formalizar a intenção de concorrer à liderança do partido, devendo as candidaturas ser entregues até 26 de outubro, seguindo-se um mês de campanha interna, entre 27 de outubro e 26 de novembro.
O atual presidente, Adalberto Costa Júnior, deverá igualmente recandidatar-se à sua sucessão, embora ainda não o tenha confirmado publicamente.
No vídeo, Rafael Savimbi evoca o percurso da família e o legado político do pai, sublinhando que a decisão de concorrer resulta de um imperativo histórico e moral.
“Cresci num ambiente rodeado de homens e mulheres de coragem e luta, que forjaram um projeto no seu tempo, o projeto do Muangai. (…) Essa glória iluminou a minha infância, moldou a minha consciência e fez nascer em mim a certeza de que um dia eu teria de responder ao chamado da história, dos meus ancestrais e dos meus compatriotas”, afirmou.
O deputado, de 47 anos, recorda que o congresso acontece num “momento particular e histórico”, quando Angola se prepara para celebrar 50 anos de independência, em 11 de novembro, frisando que o país “continua a ser governado pelo mesmo partido”.
“Passados quase 50 anos desde a independência e governados pelo mesmo partido, os angolanos dizem basta.
Basta deste mesmo partido, do mesmo sistema, das mesmas pessoas e das mesmas práticas. E assim voltam-se mais uma vez para a UNITA como força alternativa”, declarou.
Na mesma intervenção, Rafael Savimbi elogiou as lideranças que sucederam ao pai, destacando a “entrega, coragem e patriotismo” de Isaías Samakuva, que conduziu o partido durante 16 anos, e de Adalberto Costa Júnior, que liderou a UNITA nas eleições de 2022.
“Desde o seu IX Congresso Ordinário, a UNITA adotou o princípio de múltiplas candidaturas para o cargo de presidente. Este princípio tem contribuído para a vitalidade democrática do partido, inspirando o país de uma forma geral”, afirmou, acrescentando que decidiu avançar em resposta a “vários apelos”.
O pré-candidato compromete-se a “reforçar a unidade e coesão interna” e a “reafirmar a identidade política e ideológica” do partido.
“Declaro a minha prontidão de concorrer ao cargo de presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola — UNITA — para promover e reforçar a sua coesão e unidade, reafirmar a sua identidade política e ideológica e congregar todas as forças vivas da nação com o objetivo de garantir um futuro melhor para todos”, sublinhou.
Rafael Savimbi disse que a sua candidatura representa “a voz de uma nova geração” e que pretende atualizar o projeto fundacional da UNITA com uma visão voltada para o futuro.
“Trago comigo o legado de coragem, disciplina e visão estratégica dos meus ancestrais, mas também a responsabilidade de atualizar esse legado ao século XXI com ideias novas, modernas e ajustadas ao tempo presente”, sublinhou.
O deputado e secretário para as Relações Internacionais e Comunidades considerou ainda que “Angola amadureceu” e que a crescente consciência cívica exige uma mudança política.
“Este fenómeno, resultado da péssima governação, chama-se drama nacional e impele os patriotas de todos os quadrantes a tomarem uma posição corajosa para salvar Angola da hecatombe em que está mergulhada”, afirmou.
“Mais do que uma simples disputa interna, este congresso pode representar uma viragem histórica, pois abre portas e oportunidades para definitivamente realizarmos a tão almejada alternância política e, unidos, construirmos um futuro melhor para todos”, concluiu.
