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Quinta, 09 Março 2023 17:25

Ingenuidade Política e Ambição Desmedida de Higino Carneiro

Higino Carneiro padece de, pelo menos, três “enfermidades”: ego superior ao avantajado porte físico; ingenuidade política e ambição desmedida.

Por Graça Campos

Quem se deu ao trabalho de ler os dois livros (Memórias do Soldado da Pátria e Grandes Batalhas e Operações Militares Decisivas em Angola) cuja autoria reclama, mas que, na verdade, foram escritos por um terceiro bem conhecido, dá de caras com alguém que se esforça por dar de si a imagem de que sem ele as FAPLA teriam soçobrado ao exército sul-africano e as FAA teriam sido decapitadas pela UNITA.

Em qualquer dois livros, não há, porém, um único episódio em que a versão contada pelo general HC tenha sido corroborada por outras versões.

Em ambos os livros, se não se apresenta como estratega, HC reclama, no mínimo, a autoria moral das vitórias.

Chefe das Operações do Estado Maior Geral das FAPLA, HC não reclama, porém, as inúmeras baixas evitáveis que as forças militares do Governo sofreram na operação Cruz Vermelha. Tratou-se da operação que visou libertar a cidade do Luena do cerco militar da UNITA, em 1990. Foram baixas que teriam sido inferiores se o general Higino Carneiro tivesse razoável domínio da ciência militar. Nessa operação, que ele comandou a partir de Saurimo, HC mostrou ser, um néscio ou muito próximo disso.

E é seguramente para cobrir as profundas “crateras” no seu curriculum militar que, 46 anos depois, HC reivindica, não se compreende o propósito, a “epopeia” de haver supostamente capturado Nito Alves acoitado numa palmeira…

A ser verdadeira, o que não é garantido, essa será, possivelmente, a sua maior “façanha” militar.

Não lhe são conhecidos e confirmados por pessoas idóneas outros êxitos no campo de batalha.

Se àquele avantajado corpo correspondesse alguma sensatez, HC jamais reclamaria o feito que, por essa altura, queima mais do que arrefece. Mais a mais a quem são atribuídas muitas e elevadas ambições políticas.

Se àquela avantajado corpo correspondesse alguma maturidade política, HC jamais se insinuaria à estrada para a liderança do MPLA e, possivelmente, da República.

Um pouco de maturidade e alguma memória ter-lhe-iam alertado para dois riscos: a) fazer-se à estrada quando o seu actual ocupante não dá mostra sinais de pretender desocupa-la; b) deveria extrair ilações da travessia no deserto a que João Lourenço se viu empurrado por haver engolido o “anzol” que José Eduardo dos Santos lançou à água em Agosto de 2001.

Se em 2002 a ousadia de JL lhe custou, apenas, algum afastamento dos holofotes, sem quaisquer outras consequências, já o assanhamento de HC vai render-lhe, para início de conversa, um processo judicial que pode ter desfecho igual ou mais grave que o de Augusto Tomás. E conta quem viu que o antigo ministro dos Transportes viu o diabo a assar sardinhas…

Temos de convir que dar com os costados na cadeia não é qualquer coisa que esteja nas cogitações de alguém a quem o pai teria – em HC tudo tem de ser relativizado, tal é a facilidade e frequência com que dribla a verdade e os factos – profetizado o mais alto cargo da Nação.

Temperados na mesma panela, o ego e a ingenuidade política de HC deram lugar a uma desmedida ambição. Mas, é uma ambição que não passará de sonho.

Higino Carneiro tem de saber, já, que a generalidade dos angolanos não lhe perdoará, never, a afirmação, propositadamente insultuosa, de que nenhum partido no mundo fez mais pelo seu povo do que o MPLA.

Se tivesse um pingo de respeito pelos angolanos, sentimento que revela não ter, Higino Carneiro jamais diria tal monstruosidade.

Com o alto patrocínio do MPLA, Higino Carneiro tem as suas impressões digitais indeléveis no saque e delapidação de Angola.

Higino Carneiro sabe que se o MPLA não lhe permitisse – a ele e outros – roubar quase tudo, sobraria muito para que todos os angolanos vivessem em e com dignidade.

Saída da boca de alguém que se “doutorou” em marimbondagem, no saque e na pilhagem, de alguém que privou o Nova Vida de um hospital público, aquela afirmação à LAC não pode merecer outra qualificação se não a de provocação, e muito grave, aos angolanos.

Só pode dizer tal monstruosidade quem não tem a menor noção das condições em que vivem a maioria dos angolanos.

E como pode, um sujeito que desconhece o país, que troça das condições em que vive a maior parte dos angolanos, ousar imaginar-se na principal cadeira do país?

As tolices do general HC – sim, são mesmo tolices – arriscam a dar razão àquela influencer, com quem supostamente trocou fluídos, que assegura que depois de generosas doses de whisky, ele entrega-se às “delícias” de um entorpecente mais forte.

De origem latina, há um ditado popular segundo o qual não vá o sapateiro além da chinela.

Trocado por miúdos, ninguém deve propor-se a tarefas ou empreendimentos para os quais não está abalizado.

O que Higino Carneiro tem de sobra em ego, ingenuidade política e ambição desmedida, falta-lhe em perfil para aspirar a patamares como a presidência do MPLA e da República.

HC, com certeza, não sabe, mas qualquer cidadão angolano razoavelmente esclarecido vê nele limitações intelectuais e políticas difíceis de superar.

São limitações que deveriam levá-lo a ponderar mil vezes antes de se abalançar numa aventura como a que lhe é apontada.

Há coisas que homem com juízo não faz. Uma delas é antecipar-se ao chefe…

Wa kambe kilunji!

* Não tem juízo.

Correio Angolense

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Last modified on Quinta, 09 Março 2023 17:38

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