Por João Henrique Rodilson Hungulo
Uma boa parte de indivíduos angolanos, nas suas vestes, pareceriam ofuscos pela teia do seu próprio poder e completamente auto - armadilhados pela arrogância, insatisfeitos com o desastre imprevisto, arriscariam à tudo, chamariam para eles todo o poder em volta, sendo o verdadeiro alicerce para fazer face à conturbada preocupação que os colocou cativos. Intimidariam a família e seus congéneres, com a voz calçada de justificações aberrantes, que lançam todo o corpo de culpa sobre a esfera das vítimas, que hoje foram para terra do exílio e do silêncio, onde não há voz nem audição para ninguém. Para muitos, funcionariam numa verdadeira amnésia pública sobre o ocorrido e fariam rosto de verdadeiros ignorantes, colocando por continuada a sua actividade quotidiana de «Todo poderoso da Pátria», chamando para si o adágio popular - angolano – “tenho imunidades constitucionais e políticas – no entanto, sou intocável”, como disse o escritor brasileiro e médico psiquiatra, o também doutor em Psicanálise […] Augusto Cury: “A vida é um contrato de risco e que não há caminhos sem acidentes”. Palavreando a escritora italiana Barbara “Sabes Adam, acho que não sobrevivemos do acidente [Sai Adam, mi sa che non siamo sopravissuti all'incidente].
Outrossim, poderiam vestir – se dos seus coletes de desumanidade e poder, cujo teor visa ignorar as feridas dos acontecimentos que os tomaram por vítimas, e colocariam – se alheios aos factos importados no acidente, ao invés de entregarem – se à razão e ao juízo social, entregar – se – iam à força e a sobrançaria, colocando mais fogo de inocência no panorama, como a água fervente em panela de pressão, tudo à sua sorte.
De levantar e vergar – se perante a imagem que faz o Sr General Panda face ao trágico cenário em sua volta, entregou – se às autoridades, ao invés da força, chamou à si a razão e o juízo, mesmo não sendo este conivente do surpreendente acto trágico que o atacou como salteadores surpreendem as suas vítimas em vias públicas. Panda, não hesitou a consciência que o convocou, levantou – se de sua cadeira de “Todo Poderoso”, a final de contas, é ele mesmo o Chefe do Estado Maior das forças para – militares em Angola, que somente o Sr Ministro do Interior vem à reboque, os demais órgãos dependem dele, talvez comparar Panda ao Senhor Chefe do Estado Maior do Exército de Angola, coisa que não é nada fácil, um homem quão grande como este não hesitariam em escapulir-se da culpa e incutir a força, mesmo que a razão lhe fosse alheia.
O que vê nas estradas de Luanda aos acidentados onde um dos lesados é filho do Sr Alfa ou da Sra Beta, estes transformam o acidente em verdadeiro caos mesmo sendo eles os culpados, não se importando nunca com as vítimas sejam estas mortais ou não, são os verdadeiros deuses na terra, intocáveis e totalmente protegidos pela arrogância, complexos e alérgicos à simplicidade. Panda exerceu exemplo de grandeza, sabia ser este o verdadeiro responsável pelo curso da segurança pública do País, e, o seu exemplo seria um sinal de dignidade para a Pátria, pela qual esteve sempre pronto à servir como um verdadeiro comando sofrido pela violência solta da criminalidade que o povo sofre nas sanzalas e nas ruas de Angola fora.
Não se encontrando palavras para exprimir o seu exemplo de grandeza perante Angola, que ao invés da força chamou para si a razão, como disse Fernando Pessoa “Guia-me a só a razão. Não me deram mais guia. Alumia-me em vão? Só ela me alumia”.
Seria imoral e indecoroso se continuasse nas veste de Comandante Geral da Polícia Nacional, face à tempestade conturbada que veste os dias hoje que o têm como vítima, porém, procurou refutar esta torpe atitude, e posicionou – se no génio de grandeza, convocando ao seu redor a dignidade e o valor de pessoa com ética, deu o seu poder à dispor dos demais, por se achar réu perante a lei, incapaz de trazer os factos à resolução caso continue a ser o “Todo poderoso” da ordem pública do País que todos chamam por Angola.
Panda deu uma chapada sem mãos à gente que se vale pelo poder e pelo dinheiro, por esta e aquela valência social e financeira menospreza os demais – povos simples e pobres, trouxe à simplicidade à seu encontro como disse Dr. António Agostinho Neto “O mais importante é resolver o problema do povo”. Se posicionando assim, quis dizer que está pronto à tudo, sejam quais forem as circunstâncias impostas, é um homem de coragem e de fé, vai lá onde poder ir, sejam quais forem as aventuras impostas, está pronto a servir como também está pronto a perder, é um verdadeiro militar que tem o sangue da coragem à saltar – lhe nas veias, como disse o físico nascido na Alemanha teórico que desenvolveu a teoria da relatividade geral Albert Einstein “Deixem-me começar com uma confissão de fé política: o Estado é feito para o homem, não o homem para o Estado. Isto é igualmente verdade em ciência. Estas são convicções antigas pronunciadas por aqueles para quem o homem em si é o valor humano mais alto. Não teria de repeti-las se não fosse o facto de estarem constantemente em perigo de serem esquecidas, especialmente nos dias que correm, de standardização e de estereotipia. Creio que a missão mais importante do Estado é a de proteger o indivíduo e tornar possível o desenvolvimento de uma personalidade criativa”.
Se outros optariam por dizer “sabem quem eu sou?” ele optou por chamar para si à justiça. Não se tardaria de outras pessoas, memórias de arrogância e falta de boa - fé à família enlutada que perante este grande desastre, a perda que tiveram não terá reparo algum, se faria presente em outras pessoas rios de palavras violentas, que de si despejariam para quem o pudesse acusar de ser a causa do facto. Panda encheu – se de um silêncio de humildade, a si passou de perto o bramido da caridade à família enlutada, Panda quase que paralisou – se no silêncio, reagiu calmo e honesto ao acidente, confessando o sucedido, com um gelo nas mãos, Panda sentiu a voz da solidariedade à família enlutada a coçar – lhe os olhos, pouco lhe faltava lacrimejar pelo sucedido, mas por ser um grande homem, era - lhe a coragem a pegar – lhe as lágrimas como escreveu Helen Keller “É um erro sempre contemplar o bom e ignorar o ruim, porque fazendo isso os povos negligenciam os desastres. Há um optimismo perigoso do ignorante e do indiferente”.
Pessoas sem nenhum recado de dignidade e honra, nem sequer se importariam com isso, para os quais vale eles serem os poderosos, os restantes não importam, Panda deu o verdadeiro exemplo de grandeza para a pátria.
Os acidentes são actos imprevisíveis, e a ninguém lhe contém a glória de antecipá – los, porém, a maioria busca culpados e não quer assumir a culpa sobre os quais estão imputadas, como escreveu Luigi Pirandello “É próprio da natureza humana, lamentavelmente, sentir necessidade de culpar os outros dos nossos desastres e das nossas desventuras”. Na nossa realidade, é a culpa alheia que detém a marcha dos acidentes, sempre vendidos à vontade do pensamento de que estamos a ser caçados pelos anjos do mal ou demónios que os outros nos enviaram ao acorreram à actos supersticiosos do satanismo, sempre os outros são os culpados, se não o fizerem de maneira verbal, então chamaram para si poderes mágicos e malignos contra nós, para com o acto feiticeiro venderem a nossa sorte aos acidentes de trânsito e demais azares quotidianos […]. Nunca estamos dispostos a sentir na carne e nos ossos os nossos próprios erros e assumir as reais razões em volta dos factos. Os acidentes são imprevisíveis, somente à Deus pertence prevê – los – o homem que o fizer previsto só tem a sorte de ser um ser de profecias fortes ou verdadeiramente vidente […]; os acidentes sobrevêm à todos e ninguém é intocável nesta hedionda aventura. A calma e a serenidade face aos acidentes são os reais remédios para sarar as feridas que deste advêm como escreveu Henri-Frédéric Amiel “As almas quietas são como o vaso de Ulisses: no fundo do porão, elas abarcam peles cheias de todos os autónomos furiosos; um acidente esmaga um, e o navio gira, mas o capitão permanece na fé e na paciência em frente do colapso – transmitindo sempre paz e calma aos viajantes”.