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Quarta, 15 Novembro 2017 17:23

Oposição angolana recebe exonerações de João Lourenço sem surpresa

Oposição reagia, em particular, à exoneração de Isabel dos Santos do cargo de presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol)

As duas principais forças políticas da oposição em Angola, UNITA e CASA-CE, convergiram esta quarta-feira, sem surpresas, nas reações às sucessivas exonerações de administrações nas empresas públicas feitas pelo novo Presidente angolano, João Lourenço, do MPLA, nomeadamente na Sonangol.

Para a União Nacional para a Independência de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, as exonerações e nomeações ocorridas nas últimas semanas "não surpreendem" e já eram de "esperar".

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da UNITA, deputado , reagia em particular à exoneração, hoje, de Isabel dos Santos do cargo de presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), e nomeação de nova administração.

"O que nós temos vindo a acompanhar é esta tentativa de o Presidente eleito, agora, formar a sua equipa. Em democracias são processos normais. Não estamos surpreendidos com esta reestruturação, isto vem um pouco na lógica do que ele próprio tem vindo a dizer ultimamente", disse Alcides Sakala.

Para o dirigente da UNITA, trata-se de uma estratégia do novo chefe de Estado para afirmar o seu poder, ao suceder a 38 anos de liderança em Angola de José Eduardo dos Santos. "É verdade que há de um lado esta bicefalia do poder, o antigo regime teve também a sua estratégia, que levou o país ao atual caos económico que vive, fundamentalmente, um regime que foi caracterizado pela corrupção institucionalizada, pelo nepotismo, pela intolerância política, pela falta de liberdade de expressão e naturalmente o novo Presidente eleito vai montar a sua estratégia, por isso não estamos surpreendidos", referiu.

Para Alcides Sakala, o país "tem que se abrir" e assim transformar-se numa "sociedade normal", porque viveu durante muito tempo "asfixiada naquilo que eram as liberdades fundamentais dos angolanos, assim como a própria Lei da Probidade Administrativa".

O também deputado à Assembleia Nacional recorda que há uns anos o parlamento aprovou a referida lei, mas nunca se deu atenção àquilo que era aprovado no âmbito do processo legislativo. "Temos boas leis sobre muitas questões, mas que nunca se aplicam. Eu penso que o Presidente apenas tem vindo a cumprir com os ditames da Constituição. É uma nova era e não havia alternativa", frisou.

Por seu lado, o vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), deputado Lindo Bernardo Tito, considerou que estas exonerações não representam "substancialmente nada", a não ser "o exercício de poderes constitucionais conferidos ao Presidente da República". "Ou seja, o que ele está a fazer agora é tentar buscar as pessoas da sua confiança para integrar na administração direta e indireta do Estado e tirar aquelas pessoas que não lhe são da sua confiança", disse.

Lindo Bernardo Tito realça que, particularmente à exoneração anunciada hoje de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, da administração da Sonangol, "o aplauso que está a ser feito pela população" e "insere-se no contexto em que a engenheira Isabel dos Santos foi nomeada num ambiente de contestação pública".

"Porque aquilo representava nepotismo e, aliás, até foi objeto de uma ação judicial, talvez essa polémica que se criou na exoneração é que dá esse impacto em relação a uma vontade manifestada no momento da nomeação que era exatamente um ato não praticável", recordou.

Aquele dirigente da segunda maior força política da oposição angolana, fez um à parte para chamar atenção à nomeação de Carlos Saturnino, que foi até dezembro de 2016 presidente da comissão executiva da Sonangol Pesquisa & Produção, o que para si "não constituiu uma novidade absolutamente nenhuma".

"É de uma pessoa que já esteve na Sonangol alguns anos, exerceu cargos de destaque na Sonangol, num quadro em que a Sonangol era tida como uma instituição esbanjadora, que não tinha regra de gestão de uma empresa de gestão pública, estratégica para o Estado e que não representa mais-valia de um bem servir para uma instituição pública, é apenas uma continuidade, que será obviamente uma gestão danosa, tal como foi no tempo em que ele esteve lá também", salientou.

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