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Quinta, 13 Outubro 2016 12:07

Polícia investiga “colaboração interna” no ataque à esquadra do Bita

Supostos assassinos do “Tunga Ngó” Supostos assassinos do “Tunga Ngó”

A Polícia diz que participaram na invasão à esquadra do Bita Progresso, no dia 2, 13 indivíduos, dos quais já deteve dez mas apresentou apenas um, ontem, em conferência de imprensa no Comando Provincial de Luanda.

O director-adjunto do Serviço Provincial de Investigação Criminal (SPIC) de Luanda, Jorge Pederneira, anunciou ontem que está a decorrer um processo disciplinar e de responsabilização criminal contra alguns efectivos que estavam de serviço na esquadra do Bita Progresso, na circunstância do assalto que culminou na morte de um oficial.

Este procedimento foi despoletado ao notarem que este crime foi facilitado por incumprimento dos procedimentos a serem adoptados sempre que se tem sob custódia um indivíduo altamente perigoso, por parte do comando da referida unidade. Instado a se pronunciar sobre a quantidade de efectivos destacados no local no momento em que ocorreu o crime, respondeu que existia estrategicamente “as equipas dos serviços que constituem o piquete”.

Detalhou que o corpo da guarda, vulgo piquete, é composto por investigadores, técnicos da brigada de trânsito, o oficial dia, o graduado de serviço, além dos restantes membros que são chamados para dar respostas a determinadas situações. Jorge Pederneira revelou que entre os dez detidos por supostamente terem participado na morte do sub-inspector que exercia a função de oficial dia, na noite do dia 2, nove são cidadãos nacionais e um é da República Democrática do Congo, com idades compreendidas entre os 16 e os 30 anos.

Entre os detidos, estão excluídos o congolês Francisco Pedro, também conhecido por Picho ou Guilor Milo, e outros dois indivíduos, identificados apenas por Simba e Vladimiro que, alegadamente, participaram no resgate do primeiro, e também se encontram em fuga. Esclareceu que os disparos efectuados pelos marginais, além de resultarem na morte imediata de um sub-inspector, causaram ferimentos graves a um agente de segunda classe que se encontra a receber cuidados médicos numa das unidades hospitalares da capital.

O agente naquele momento exercia a função de sentinela e o seu colega era o oficial dia em serviço.O grupo de invasores estava dividido em dois sub-grupos, sendo que um entrou no Posto de Polícia e o outro permaneceu no exterior vigiando a rua, enquanto os seus comparsas tudo faziam para possibilitar a fuga massiva dos seus companheiros, que haviam sido detidos no dia 30 de Setembro do corrente ano. Jorge Pederneira disse que o congolês Guilor Milo é reincidente. À data dos factos, era prófogo da justiça por ter fugido da cadeia do Bentiaba no dia 8 de Dezembro de 2013, onde cumpria a pena de 19 anos de prisão maior decretada por um tribunal da província da Huila, pelos crimes de homicídio voluntário e roubo qualificado.

“Os dados que temos passado pela irmã deste indivíduo confirmam que é estrangeiro. Até junto a nós, ele apresentou-se com um nome, mas em função do trabalho que realizámos descobrimos que o nome é falso”, frisou. Assinalou que na esquadra havia energia eléctrica no momento da ocorrência. Aproveitou a ocasião para aconselhar os indivíduos envolvidos tanto neste caso como no do Tunga Ngó, no Cazenga (vide texto ao lado), que se encontram em fuga a se apresentarem às autoridades.

Níveis de criminalidade mantêm-se estáticos

Na esperança de acalmar os citadinos, o director adjunto do SPIC de Luanda explicou que as estatísticas apontam que a quantidade de crimes não tende a aumentar. O que têm alterado são as suas formas. Os meliantes têm materializado os seus intentos recorrendo a mecanismos, a técnicas ou meios que não são usuais na sociedade luandense.

Citou como exemplo, o assalto à esquadra que caracterizou como sendo um crime que não é típico da nossa sociedade, assim como o rapto de cidadãos expatriados. Ambos se assemelham no facto de terem contado, entre os seus autores, com cidadãos estrangeiros. “São essas formas que muitas vezes vão criando esse sentimento de insegurança e que dão a entender que os crimes tendem a aumentar, mas não”, frisou. Acrescentou que o facto de um dos crimes ter ocorrido numa das esquadras “criou um sentimento de insegurança no seio da população, embora a estatísticas não nos dão esse indicador”.

Justificou que as estratégias adoptadas pela corporação, por vezes, funcionam para os crimes que são correntes e, face a esta situação, eles vão alterando o seu “modus operandi”. Garantiu que têm controlado os casos de criminalidade violenta, designadamente, homicídios, violações, ofensas corporais graves, assaltos à mão armada entre outros, tendo em conta a quantidade de casos que são esclarecidos e também que têm sido prevenidos.

Para comprovar a sua teve, desabafou que já convidou os jornalistas a se deslocarem aos tribunais confrontar a quantidade de casos que são julgados diariamente por crimes de posse ilegal de armas de fogo. Alegou que deste modo estarão a ajudar consciencializar a sociedade sobre as sanções aplicadas às pessoas que operam com este tipo de material bélico.

Supostos assassinos do “Tunga Ngó” já a contas com a justiça

Os investigadores apresentaram na mesma ocasião à imprensa um dos cidadãos que se presume terem participado no “massacre” a uma família que residia no bairro do Tunga Ngó, no Cazenga, que resultou na morte de três cidadãos, por volta de 1h50, do dia 5 do corrente mês. Jorge Pederneira informou que detiveram três suspeitos, com idades compreendidas entre os 23 e 32 anos. “Houve cinco homicídios, sendo três na forma consumada e dois na forma tentada que foram concorridos em simultâneo com roubo de diversos artigos.

Deste caso temos como vítimas mortais um adulto e dois menores e outras duas, que estão hospitalizadas”, explicou o director adjunto do SPIC de Luanda. Entre os dois detidos apresentados à imprensa, Carlos Francisco Gaspar Gomes foi o único autorizado a prestar declarações. Confessou que participou no assalto à residência de um dos seus vizinhos no Tunga Ngó, usando uma arma de fogo que roubara há mais de um ano, de um segurança. Contou que ele e um companheiro permaneceram no exterior da residência, enquanto os quatro, todos fortemente armados, amordaçavam e imobilizavam os membros daquela família.

“Eu disparei apenas um tiro contra uma pessoa que estava na porta. Não sei se ela morreu”, disse o jovem que já esteve preso. Jorge Pederneira explicou que o tiro que Carlos Gomes assume ter feito em direção à porta, atingiu mortalmente uma das duas crianças. Garantiu que os efectivos da Polícia Nacional e do SPIC Luanda trabalham afincadamente para deter os outros três indivíduos que participaram no crime, identificados apenas por Zé Bacongo, Cicatriz e Carimba.

OPAIS

 

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