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Sexta, 23 Março 2018 13:11

Cidadãos em Luanda recolhem assinaturas para salvar escola Angola e Cuba

Membros da sociedade civil em Luanda, capital angolana, promovem, no sábado, uma campanha de recolha de assinaturas "Salvemos a Escola Angola e Cuba", instituição do ensino secundário abandonada há oito anos, foi hoje anunciado.

Em declarações hoje à agência Lusa, Nuno Dala membro da organização da campanha pública, que visa salvar a referida instituição, fruto da cooperação no domínio de ensino entre Angola e Cuba, informou que a campanha visa recolher mais de 1.000 assinaturas dos moradores, que vivem nos arredores da escola.

"O objetivo da campanha é sensibilizar as autoridades no sentido de elas tomarem medidas que levem à reabilitação e entrada em funcionamento da "Angola e Cuba". É uma escola que ao longo da história da educação no país formou milhares de cidadãos", disse.

Construída em 1988, a Escola do I Ciclo do Ensino Secundário 7042, localizada no município do Cazenga, um dos mais populosos de Luanda, está hoje totalmente vandalizada e o seu interior transformado em depósito de lixo, acumulado durante anos.

Segundo Nuno Dala, o seu atual estado de abandono e de "latrina pública", em que a escola se encontra, além de janelas e portas danificadas e fissuras em toda a sua estrutura, requer das autoridades uma nova postura, sobretudo à luz das orientações do Presidente angolano, João Lourenço, sobre o levantamento da situação das escolas públicas no país.

"Porque de facto a educação, pelo que se tem visto nos últimos tempos, requer do Estado uma nova atitude, no que diz respeito ao seu investimento, e num país que tem dois milhões de crianças fora do sistema de ensino, devido à falta de salas de aula, a situação da Angola e Cuba e de outras tantas espalhadas pelo país constitui um escândalo", referiu.

A campanha pública "Salvemos a Escola Angola e Cuba" é essencialmente dirigida aos moradores residentes nos arredores da instituição, sendo que a organização prevê recolher mais de 1.000 assinaturas, para fundamentação das cartas que serão entregues às autoridades da província.

"Porque entendemos que as nossas instituições, ao saberem do assunto de forma paralela, acabarão por perceber que os cidadãos entendem que a tomada de posição deve ser de toda estrutura do sistema educativo, desde a superstrutura até à repartição municipal", realçou.

Antes de ser abandonada devido a receios sobre abalos da estrutura, a escola funcionava no período diurno e noturno, recebendo cerca de 10.000 alunos, distribuídos por salas de aula em três pisos, como recordou, revoltado com o estado atual, Aleixo Alexandre, morador no Cazenga e ex-aluno da instituição.

"A situação é preocupante e lamentável. Fiz aqui a sétima classe e hoje apenas lamentamos e estamos muito consternados", contou anteriormente à Lusa o antigo aluno da "Angola e Cuba".

Em março de 2017, o administrador do município do Cazenga, Vítor Nataniel Narciso, garantiu à Lusa que o edifício começaria a ser reabilitado naquele ano, com um orçamento de 142 milhões de kwanzas (550 mil euros), num investimento a realizar até 2019, dificultado pela crise financeira em Angola.

Contudo, a obra continua sem avançar, apesar do défice de salas de aula e professores, que só na província de Luanda deixaram, neste ano letivo, mais de 100.000 alunos sem aulas.

Para Nuno Dala, o atual estado da "Escola Angola e Cuba" vem igualmente contribuir para o elevado número de crianças fora do sistema de ensino em Luanda e particularmente no município do Cazenga, considerando a situação como um "crime contra a infância".

"Não devemos permitir que isso aconteça, porque, efetivamente, ter crianças fora do sistema de ensino é uma espécie de crime contra a infância e temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que neste país não haja crianças fora do sistema de ensino", rematou.

As assinaturas, de acordo com a organização, serão formalmente entregues à administração municipal do Cazenga, gabinete provincial de Educação de Luanda, governo da província e ao Ministério da Educação.

O ano letivo 2018, no ensino geral em Angola, arrancou a 01 de fevereiro e decorre até à primeira quinzena de dezembro.

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