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Quarta, 21 Março 2018 16:19

Antigo oficial diz que secreta facilitou corrupção e lança avisos a Garcia Miala

O antigo oficial da segurança do Estado, Isomar Pedro Gomes, associa os desvios de fundos públicos e a corrupção a falhas na actuação da secreta angolana ao longo dos últimos anos, num cenário com responsabilidades que imputa também ao general Fernando Garcia Miala, nomeado para o cargo de chefe do Serviço de Inteligência e Segurança (SINSE).

Isomar Pedro Gomes fala de insinuações de conivência no ‘’roubo de biliões de dólares''

Autor de vários textos sobre a vida do país, Gomes acredita, à semelhança de outros analistas, que Fernando Miala, dos ‘’mais renomados em África’’, funcione como a peça que faltava a João Lourenço na luta por reformas, mas lembra a sua ligação a Eduardo dos Santos nos momentos dos crimes que lesaram a economia angolana.

Num exclusivo à VOA, Isomar Pedro Gomes questiona a actuação da Segurança do Estado enquanto garante da integridade económica face ao que denomina de velocidade da corrupção.

“A partir de uma certa altura, a corrupção ganhou uma velocidade hipersónica, não velocidade de cruzeiro. Foram desviados, roubados à ordem dos biliões de dólares. Mencionando isto, constatamos que não houve segurança do Estado. Ou deixou de existir ou comparticipou nesta actividade’’, diz Gomes.

Agente da contra-inteligência no extinto Ministério da Segurança do Estado (MINSE), o Gomes acredita que o potencial de Miala seja capaz de afastar Angola da rota do caos, nem que seja mediante lições dos erros cometidos num passado recente

“O novo Chefe de Estado, olhando para o tabuleiro do país, viu que a situação estava quase no caos, pelo que era necessário colocar um homem competente, que conheça do ofício, e este homem, não conheço outro, é Fernando Garcia Miala, que foi durante muito tempo próximo a José Eduardo dos Santos. Portanto, é bom que se diga que ele tem parte da culpa pela situação que se vive’’, afirma.

Um desses acontecimentos, para lá da corrupção, foi a retirada de milhares de homens, hoje no desemprego e à espera da reforma militar há 26 anos, do organismo que avançou para Ministério do Interior

“Eu não tenho a mínima dúvida de que ele, na altura chefe da comunidade de inteligência, aconselhou o Presidente da República a desanexar, de forma compulsiva, milhares de cidadãos da sua estrutura para o desemprego. Como também viveu uma travessia, de 13 anos, penso que estará mais humanizado, capaz de resolver o nosso problema. Penso que consegue fazê-lo’’, conclui o antigo oficial da secreta

Trata-se, recordamos, de um assunto já evocado, ainda que de forma indirecta, pelo Presidente da República, quando reconheceu ser necessário remunerar homens no activo e os que se encontram na reforma. Voanews

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