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Quarta, 14 Fevereiro 2018 11:05

João Lourenço em Kinshasa: Joseph Kabila é o problema ou solucão?

O impasse político no Congo Democrático volta a ser analisado hoje em Kinshasa, mais uma vez, numa cimeira tripartida que junta os Chefes de Estado de Angola, João Lourenço, do Congo Brazzaville, Denis Sassou N'Guesso, e o anfitrião, Joseph Kabila, a quem recaem acusações de inviabilidade ao processo democrático por força da sua persistência em manter-se no poder.

O Presidente Joseph Ka-bila está na linha da frente de um confronto político com a oposição, já que atingiu proporções alarmantes, com níveis de violência preocupantes que causaram a morte de centenas de civis.

No âmbito das consultas regulares, de Estados-membros da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIGRL), os três Chefes de Estado vão analisar o actual quadro na RDC e perceber até que ponto o Presidente Joseph Kabila está em falta no seu compromisso com o povo  e de que forma é possível acalmar os ânimos e envolver as forças da oposição no processo de estabilidade.

A remarcação das eleições gerais na RDC, que passaram de  31 de Dezembro de 2017 para  23 de Dezembro deste ano, também, vai merecer a devida atenção, por ser o principal ponto que desagrada a oposição.

O Presidente Joseph Kabila faltou com a sua palavra em várias ocasiões, quando havia dado como certo a sua saída do poder, por estar impedido pela lei. Kabila usou argumentos técnicos, como a falta de condições logísticas e outras, para adiar a marcação e consequente realização das eleições, o que descarrilou o processo e deu num banho de violência, quase sem precedentes.  

A atitude de Joseph Kabila irritou, também, os representantes da Igreja Católica, que haviam influenciado os acordos de São Silvestre, assinados a 31 de Dezembro do ano passado. Kabila foi acusado de tentar eliminar limites constitucionais de mandato, o que deixa latente uma convulsão social interna com prováveis consequências para os países vizinhos.

É neste particular que os países vizinhos tentam manter as coisas sob controlo, de forma a evitar um conflito que transborde aos seus territórios. O Presidente de An-gola, João Lourenço, e do Congo Brazzaville, Denis Sassou N'Guesso, vão tentar criar as condições para o relançamento do processo político.

O representante especial do Secretário -Geral e chefe regional das Nações Unidas para África Central, François Fall, disse, em Luanda, após uma audiência concedida pelo Chefe de Estado angolano, que existem boas garantias nos aspectos relacionados com a situação política e de segurança na região.

A República do Congo Democrático tem uma população estimada entre 82 e 86 milhões de habitantes, sendo o quarto país mais populoso do continente africano, a seguir à Nigéria, à Etiópia e ao Egipto.

A RCD está numa situação difícil, com enfrentamentos nas ruas entre apoiantes do governo e da oposição, liderada por Félix Tshisekedi, filho do malogrado Etienne Tshisekedi, o carismático político que deu uma forte luta ao Presidente Joseph Kabila devido à sua permanência no poder fora do prazo previsto pela Constituição. 

A Igreja Católica na República Democrática do Congo continua, até agora, a endereçar duras críticas ao Presidente Kabila, alertando para a "brutalidade policial", durante várias missas realizadas em Kinshasa.

O cardeal de Kinshasa, Laurent Monsengwo, chegou a afirmar que estes "mártires da independência recordam as mortes de “hoje”, circunstâncias actuais,  vítimas da brutalidade policial".

Os dois dos principais opositores do Presidente Kabila, Felix Tshisekedi e Vital Kamerhe, afirmaram  que o que está acontecer no Congo “vai ajudar a fortalecer a nossa convicção de que este é o começo do fim da ditadura no nosso país”.

As forças de segurança têm dispersado várias marchas organizada pela Igreja Católica. A polícia congolesa rejeita as acusações de brutalidade, mas a igreja e a ONU confirmam o excesso nas suas acções.

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