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Quinta, 29 Dezembro 2016 13:58

Dois jornalistas acusados de injúria por Denunciar Negócios Privado do PGR

O procurador-geral da República de Angola moveu um processo contra os jornalistas Rafael Marques e Mariano Brás, do jornal "O Crime", por terem publicado, em Outubro, um artigo em que acusavam João Maria de Sousa de estar "envolvido em corrupção".

Rafael Marques foi ouvido na passada terça-feira, 27, no Departamento de Crimes Selectivos dos Serviços de Investigação Criminal (SIC), num interrogatório que o activista considerou ter decorrido de forma civilizada e que durou cerca de três horas.

O jornalista e activista dos direitos humanos ficou a saber que é acusado do crime de injúria por ter publicado um artigo onde acusa o procurador-geral da República de estar "envolvido em corrupção".

O procurador "diz que foi injuriado e que o meu texto mancha o cargo", adiantou Marques no final das audiências. "Cabe a mim provar [a acusação], como acontecerá, para ver quem está a injuriar quem. Um condomínio é uma actividade comercial, logo, sendo uma actividade comercial, o procurador-geral da República, por ser o concessionário directo desta superfície de terra, está a fazer um negócio privado. E mais: adquiriu o direito de superfície como sendo um terreno rural para efectivamente fazer um projecto urbano", disse Rafael Marques.

Também o jornalista e proprietário do semanário angolano "O Crime", Mariano Brás, foi constituído arguido neste processo por ter publicado o artigo “Procurador-Geral da República envolvido em corrupção”.

Mariano Brás foi ouvido esta quarta-feira, 28, no Departamento de Crimes Selectivos dos Serviços de Investigação Criminal (SIC), num interrogatório que durou também cerca de três horas.

No texto com o titulo “Procurador-Geral da República envolvido em corrupção”, publicado a 26 de Outubro, Rafael Marques denunciou o envolvimento de João Maria de Sousa num negócio de compra de uma parcela de terreno de três hectares para a construção de um condomínio residencial com vista para o mar, no município do Porto-Amboim, na província do Kwanza-Sul.

Segundo a publicação, o PGR terá pago apenas 600 mil kwanzas pelo terreno por ter sido considerado rural, ainda que se destinasse a uso urbano.

Rafael Marques tem enfrentado vários processos movidos por pessoas ligadas ao poder e em 2014 foi condenado a uma pena suspensa de seis meses de prisão no caso Diamantes de Sangue, que aguarda a decisão final do Tribunal Supremo.

Daniel Jonas Pensador

 

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