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Quinta, 23 Junho 2016 15:17

Ex-embaixador de Angola em Espanha nega ter metido dinheiros públicos ao bolso

Os supostos implicados num esquema de corrupção de venda de equipamento espanhol a Angola, entre eles o deputado do MPLA Armando da Cruz Neto, estão a ser ouvidos na Procuradoria angolana a pedido da justiça espanhola.

O negócio de armas entre a empresa pública espanhola Detex e o Governo de Angola, que está a ser investigado em Espanha, teria lesado o Estado angolano em mais de 54 milhões de dólares. No esquema de fraude, além do antigo embaixador, general Armando da Cruz Neto, estariam envolvidas outras personalidades, como o chefe da Policia Nacional, Ambrósio de Lemos, e um responsável da Unidade de Segurança do Presidente José Eduardo dos Santos, conhecido por general “Maua”.

Onde estão os 54 milhões de dólares que desapareceram?

Em causa está um esquema de fraude envolvendo a compra de material policial a Espanha pela Polícia Nacional de Angola (PNA). Uma investigação levada a cabo naquele país apurou que teriam sido desviados 54 milhões de dólares, de um contrato avaliado em USD 169 milhões, assinado entre o Governo angolano e a companhia Defex, empresa pública espanhola, que supostamente teria sobre-faturado a conta apresentada ao Governo de Angola.

No esquema de corrupção, o general Armando da Cruz Neto, antigo embaixador de Angola em Espanha, está a ser apontado, pela justiça espanhola, como o principal beneficiário angolano da fraude de vendas de armamento a Angola. Mas haverá outras entidades implicadas no desvio de 54 milhões de dólares, como é o caso do general José João “Maua”, dos serviços de apoio à Casa Militar do Presidente José Eduardo dos Santos.

"Processo corre em Espanha, em Angola tudo nas calmas"

Em entrevista exclusiva à DW África, o procurador do processo, Napoleão Monteiro, disse que a audição das mais 15 personalidades arroladas no processo decorre na normalidade, salientando ainda que já foram ouvidos o general Armando da Cruz Neto e o chefe da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos.

No entanto, o procurador Napoleão Monteiro, da Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP) da Procuradoria-Geral da República, referiu que a dificuldade estará em notificar o general José João “Maua”, da Unidade de Segurança Presidencial (USP).

Já o comandante-geral da Polícia Nacional de Angola, Ambrósio de Lemos, afirmou ter prestado declarações à Procuradoria-Geral da República na qualidade de responsável máximo da Policia, e negou qualquer implicação no esquema de corrupção.

Responsáveis angolanos negam implicação no esquema

Ambrósio de Lemos recusou entrar em pormenores sobre as suas declarações prestadas na sede da PGR, alegando segredo de justiça.

A DW África tentou ainda contactar o general Armando da Cruz Neto, mas sem sucesso. Fontes próximas do deputado do MPLA e ex-governador de Benguela, confidenciaram à DW que Cruz Neto se encontra, neste momento, no exterior do país em tratamento médico.

Entretanto, num comunicado enviado ao semanário angolano Novo Jornal, em novembro de 2014, Cruz Neto negou ter recebido qualquer contrapartida na venda de armamento e equipamentos a Angola.

Refira-se ainda que, apesar do Estado angolano ser a principal vítima da fraude, as autoridades angolanas não dão qualquer sinal de abertura de um processo para investigar o caso, numa altura em que o caso já levou a detenção de dezenas de personalidades em Espanha.

© DW África

 

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