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Segunda, 02 Mai 2016 21:02

Clarividente e arquitecto da paz, candidato único à liderança do MPLA

O prazo para a apresentação de candidaturas à presidência do MPLA terminou no sábado, 30 de Abril, sem que se tenha registado qualquer candidatura, além da do actual presidente José Eduardo dos Santos, que lidera o partido desde 1979.

Analistas políticos dizem que não houve surpresas, pela característica do partido no poder, enquanto o dirigente do MPLA João Pinto considera que José Eduardo dos Santos é um líder raro em África.

O cientista político Nélson Pestana Bonavena, que não se mostrou surpreso com o facto, diz que “num partido que não tem experiência democrática interna, não tem liberdade, onde o poder é centralizado, com um forte culto de personalidade ao seu chefe máximo, foi de um cinismo total o Bureau Político do MPLA ter aprovado uma resolução a apoiar a reeleição do actual presidente do partido, para depois vir dizer que estão abertas candidaturas”.

Para aquele professor universitário, “é um partido ditatorial, autoritário, e não podia ser de outra maneira.''

Por sua vez, o nacionalista e antigo líder da FNLA, Ngola Kabango, considera que esta situação só vem fragilizar ainda mais o próprio MPLA.

''Um partido com a dimensão do MPLA, pelo tempo que tem na governação do país, devia ter um líder mais sério”, diz Kabango, questionando o facto de “o órgão máximo do partido no intervalo dos congressos votar por aclamação José Eduardo dos Santos como candidato à presidência do partido e em seguida abrir candidaturas”.

Na óptica daquele político, “é uma brincadeira, um carnaval que não dignifica o próprio MPLA que diz ter milhões de quadros que são os únicos que pensam, mas é uma palhaçada de todo o tamanho que mostra a verdadeira fotografia daqueles ilustres compatriotas que são homens do ´sim, sim, chefe”.

Do lado do partido no poder, a leitura é outra.

O deputado do MPLA João Pinto considera que a falta de candidatos prova que José Eduardo dos Santos é um líder raro em África e reúne consenso de todos os militantes.

''Contrariamente ao que muitos prognosticam, o presidente reúne um consenso esmagador, por mais que as pessoas critiquem, José Eduardo dos Santos galvaniza e inspira confiança”, afirma Pinto que pergunta: “porquê arriscar quando o líder que temos é irrepreensível em África, é raro lideres com mais de 36 anos no poder não terem excessos, não humilha os adversários, as pessoas podem dizer que é tirano, mas José Eduardo não é assim”.

Aquele deputado exemplifica ainda que o presidente “deu oportunidades a jovens que vieram do nada para a cúpula, até a pessoas que vieram do então inimigo político, a Unita, e hoje dirigirem as forças armadas”.

O sociólogo e analista Lukombo Zatuzola não concorda com João Pinto.

''Discordo totalmente do meu "kamba dyami'' (meu amigo) João Pinto, isto não se justifica, grandes partidos únicos e históricos de África, onde se inclui o próprio MPLA, ultrapassaram este medo interno, falo do ANC, o mais antigo de África, onde Mandela, 27 anos depois de sair da cadeia não se apegou ao poder, fez um mandato e saiu, Leopold Sedar Sengor foi-se em pleno partido único, Julius Nyerere foi-se num partido único”, exemplifica Zatuzola.

O MPLA anunciou a 15 de Abril a abertura de candidaturas para a substituição do presidente depois de Santos ter declarado que pretende abandonar a vida política activa em 2018, sem precisar, na altura, se concorria ou não em Agosto.

O congresso realiza-se de 17 a 20 de Agosto em Luanda.

Voanews

 

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