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Segunda, 02 Mai 2016 08:54

UNITA quer Alta Autoridade Contra a Corrupção para acabar com 'gasosa' em Angola

A UNITA, o maior partido da oposição angolana, defende a criação da Alta Autoridade Contra a Corrupção no país, nomeadamente para combater o fenómeno do pagamento de "gasosas" (subornos) a agentes públicos.

Num comunicado a que a agência Lusa teve acesso, a propósito das comemorações do dia do Trabalhador - a função pública angolana cumpre hoje o feriado, assinalado domingo -, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) afirma que os indicadores do desemprego "continuam a ser preocupantes", defendendo "trabalho igual, salário igual".

"Uma condição que concorre para se pôr cobro ao fenómeno da "gasosa", que degrada o tecido social angolano, inspirado na atual liderança do país que institucionalizou tal prática, com expressões como ninguém vive do seu salário ou a "gasosa" é um meio de entendimento entre o agente e o cidadão", lê-se no comunicado.

O partido liderado por Isaías Samakuva diz-se disposto a "combater terminantemente a corrupção", defendendo nomeadamente a "criação da Alta Autoridade Contra a Corrupção".

"A UNITA entende que o país tem condições para a implementação de políticas viradas para o alargamento das taxas de emprego, a instituição do subsídio de desemprego, a segurança social e a melhoria da inspeção no trabalho", escreve o partido, num comunicado da comissão política.

Angola vive uma profunda crise financeira e económica decorrente da forte quebra da cotação do petróleo no mercado internacional, superior a 50 por cento em 2015.

Uma crise que, segundo a UNITA, "tem votado milhares de famílias angolanas à desgraça".

"O trabalhador angolano que, em muitos casos, continua a cumprir uma jornada laboral de longas horas, sem descanso, recebendo um salário de miséria, é ainda alvo de exploração por parte dos angolanos ilicitamente endinheirados, que substituíram os colonos, ficando os seus direitos desrespeitados", conclui o partido.

Ainda sobre as comemorações do 1.º de maio, os sindicatos angolanos vieram a público exigir ao Governo medidas de "combate à inflação", de forma a "repor o poder de compra dos salários", bem como a sua atualização.

Numa posição conjunta divulgada pelas duas centrais sindicais, União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA) e Força Sindical Angolana (FSA), foi igualmente lançado o apelo à Inspeção-Geral do Trabalho para "apertar a vigilância" às "violações constantes do patronato".

O salário mínimo em Angola está fixado desde junho de 2014, à taxa de câmbio atual, nos 22.504,50 kwanzas (118 euros), para trabalhadores do comércio e da indústria extrativa. Mais reduzido, apesar da atualização então aprovada, é o valor mínimo mensal para os setores dos transportes, dos serviços e das indústrias transformadoras, fixado em 18.754,00 kwanzas (99 euros), e para o setor da agricultura, 15.003,00 Kwanzas (80 euros).

Contudo, como um dos vários efeitos da crise angolana, o kwanza desvalorizou mais de 40% só no último ano, agravando as dificuldades dos trabalhadores nacionais.

Lusa

 

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