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Quinta, 28 Janeiro 2016 15:56

“Geração dos dinossauros” de José Eduardo dos Santos deixará “vácuo” perigoso na política africana

O ano de 2016 será de dificuldades económicas para a maioria dos Estados africanos, com protestos populares à espreita. Segundo a consultora Africa Practice, será também o ano em que se coloca de forma mais urgente a questão da sucessão da “Geração dos Dinossauros”, dos autocratas envelhecidos, em que se inclui José Eduardo dos Santos.

A partida destes líderes, grupo que inclui também o presidente da Guiné Equatorial, irá “sem dúvida deixar um vácuo difícil de preencher”, diz a Africa Practice. “As divisões de facções que se agitam sob a superfície, combinadas com maiores pressões de uma crescente população jovem, vai assim criar maior ensejo para a volatilidade em 2016 e mesmo depois”. Se um destes presidentes morrer, ainda pior.

A consultora inclui neste grupo líderes há mais de 20 anos no poder. No caso de José Eduado dos Santos, completará este ano 37 de presidência. Outro caso citado é o de Robert Mugabe no Zimbabué.

Mesmo não enfrentando eleições este ano, a sucessão de líderes como Santos “levanta sérias questões”. Presidem a “elites de poder cada vez mais divididas, disputando a sua parte do lucro”.

Para a Africa Practice, os jovens africanos estão mais críticos em relação à “má governação e corrupção” e 2016 será um ano de “crescimento das frustrações populares”, devido a difíceis condições socioeconómicas e ao ritmo lento de reformas políticas. Pode haver protestos em países onde a população seja sobrecarregada com medidas para conter a crise. Em países com “elites entrincheiradas”, é provável que sejam aplicadas limitações à mobilização popular.

A ajudar à volatilidade política, o ano será de dificuldades económicas. Angola está entre os países dependentes do petróleo onde a baixa do preço desta matéria-prima vai ter um “forte peso” nas contas públicas. O kwanza angolano deverá continuar a desvalorizar-se, e a inflação com tendência a subir.

Para Angola e Nigéria, a alternativa, adianta, será o financiamento nos mercados, mas “este dinheiro não será barato”, com taxas de juro mais altas. De esperar este ano, também medidas internacionais para combater fluxos de capital ilícitos, como leis contra a lavagem de dinheiro. Estima-se que estes fluxos representem uma perda anual de 60 mil milhões de dólares para os países africanos.

Entre os países com melhores perspetivas económicas, por se terem empenhado em melhorar as condições para o investimento estrangeiro, estão Moçambique, mas também Etiópia, Tanzânia e Ruanda.

AM

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