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Sexta, 02 Outubro 2015 14:36

“Zenú”, o “diversificador” da economia e candidato à sucessão do pai na presidência de Angola

As contas da sucessão de José Eduardo dos Santos na presidência de Angola continuam a complicar-se. Primeiro foram os problemas com o “vice” Manuel Vicente, depois a crise financeira trazida pela quebra das receitas do petróleo. Entretanto, um candidato continua a dar tudo para ter “boa publicidade”: José Filomeno dos Santos (Zenú), filho do presidente e, agora, o “diversificador” da economia.

Zenú não tem perdido uma oportunidade para defender o trabalho do “seu” Fundo Soberano para o Desenvolvimento de Angola. Dotado com 5 mil milhões de dólares de receitas petrolíferas, deve aplicá-los na capitalização e investimentos com um efeito multiplicador na economia. A crise veio por a nu a dependência do petróleo e o país “não está na melhor situação”, admitiu em entrevista à Reuters.

“Provavelmente (os problemas económicos) serão um incentivo para que sejam feitas reformas que permitam ao sector privado participar”, disse Santos “junior” à agência de notícias internacional. Entre as possíveis reformas apontou na propriedade de terras, investimento privado, agricultura e minas.

Para a Reuters, o fundo “ainda está muito longe de providenciar qualquer tipo de almofada financeira para o Estado”. Metade dos activos do fundo está a “render” em investimentos fixos de capital.

Na entrevista, o filho do presidente confirma ter sido nomeado para mais 3 anos à frente do Fundo. O registo “sólido” do trabalho feito “fala por si”, justificou, afastando alegações de nepotismo. A política de investimentos é “aberta à avaliação do público” e os números “auditados”, afirma.

“O fundo foi estabelecido, está a trabalhar, está a investir numa altura em que os investidores privados normais talvez estejam um pouco mais reservados”, adianta.

O nome de Zenu tem sido colocado com frequência na lista de potenciais sucessores de José Eduardo dos Santos. Contudo, levanta resistências junto de alguns sectores do MPLA, segundo o Africa Monitor Intelligence.

Este ano, o Fundo aplicou 750 milhões de dólares, em partes iguais, em 3 fundos com investimentos em negócios de minas, madeira e agricultura, focados no mercado angolano e da região da África subsaariana.

Outros 500 milhões de dólares estão reservados para o setor hoteleiro e 1,1 mil milhões para infraestruturas comerciais.

Sem fornecer detalhes sobre estas entidades, o presidente do FSDA adiantou que estão a ser estudadas novas oportunidades para investir na produção de ouro, cobre e prata. Os mercados mundiais de matérias-primas estão a atravessar uma prolongada quebra, tendo levado à redução da atividade de minas, ou mesmo paragem, em países como na Zâmbia e República Democrática do Congo.

Paralelamente, o Fundo divulgou os resultados da “auditoria realizada às contas de 2014”, pela consultora Deloitte & Touche, indicando a Europa como principal destino dos investimentos, seguido de África.

Contudo, a transparência do Fundo tem vindo a ser posta em causa, nomeadamente pela Economist Intelligence Unit.

Por Guilherme Dias

AM

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