Zenú não tem perdido uma oportunidade para defender o trabalho do “seu” Fundo Soberano para o Desenvolvimento de Angola. Dotado com 5 mil milhões de dólares de receitas petrolíferas, deve aplicá-los na capitalização e investimentos com um efeito multiplicador na economia. A crise veio por a nu a dependência do petróleo e o país “não está na melhor situação”, admitiu em entrevista à Reuters.
“Provavelmente (os problemas económicos) serão um incentivo para que sejam feitas reformas que permitam ao sector privado participar”, disse Santos “junior” à agência de notícias internacional. Entre as possíveis reformas apontou na propriedade de terras, investimento privado, agricultura e minas.
Para a Reuters, o fundo “ainda está muito longe de providenciar qualquer tipo de almofada financeira para o Estado”. Metade dos activos do fundo está a “render” em investimentos fixos de capital.
Na entrevista, o filho do presidente confirma ter sido nomeado para mais 3 anos à frente do Fundo. O registo “sólido” do trabalho feito “fala por si”, justificou, afastando alegações de nepotismo. A política de investimentos é “aberta à avaliação do público” e os números “auditados”, afirma.
“O fundo foi estabelecido, está a trabalhar, está a investir numa altura em que os investidores privados normais talvez estejam um pouco mais reservados”, adianta.
O nome de Zenu tem sido colocado com frequência na lista de potenciais sucessores de José Eduardo dos Santos. Contudo, levanta resistências junto de alguns sectores do MPLA, segundo o Africa Monitor Intelligence.
Este ano, o Fundo aplicou 750 milhões de dólares, em partes iguais, em 3 fundos com investimentos em negócios de minas, madeira e agricultura, focados no mercado angolano e da região da África subsaariana.
Outros 500 milhões de dólares estão reservados para o setor hoteleiro e 1,1 mil milhões para infraestruturas comerciais.
Sem fornecer detalhes sobre estas entidades, o presidente do FSDA adiantou que estão a ser estudadas novas oportunidades para investir na produção de ouro, cobre e prata. Os mercados mundiais de matérias-primas estão a atravessar uma prolongada quebra, tendo levado à redução da atividade de minas, ou mesmo paragem, em países como na Zâmbia e República Democrática do Congo.
Paralelamente, o Fundo divulgou os resultados da “auditoria realizada às contas de 2014”, pela consultora Deloitte & Touche, indicando a Europa como principal destino dos investimentos, seguido de África.
Contudo, a transparência do Fundo tem vindo a ser posta em causa, nomeadamente pela Economist Intelligence Unit.
Por Guilherme Dias
AM