O pretexto para Norberto Garcia passar às boxes – e se possível recauchutar as ideias – veio, mesmo à mão, com a necessidade de acompanhar a esposa que se encontra no exterior do país em tratamento médico prolongado. Assim, o vaivém de Norberto entre Angola e o estrangeiro passou a ser mais frequente e há, pelos vistos, muita gente a suspirar de alívio, porquanto as suas intervenções já estavam a ser enjoativas.
Norberto Garcia, que a dado momento passou mesmo a ser considerado um “activo tóxico” no seio dos “camaradas”, funcionou sobretudo como boca-de-aluguer de José Eduardo dos Santos, o que lhe valeu uma meteórica ascensão nas estruturas do “regime”.
Depois de rapidamente ter saído da Vila Alice, onde era o secretário para a Informação do Comité Provincial do MPLA, e passar à Presidência da República como director da extinta Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), Norberto Garcia “escalou” também a hierarquia do MPLA, passando sucessivamente do Comité Central para o Bureau Político, estrutura em que assumiu o cargo de secretário para a Informação.
Já no fim do consulado de José Eduardo dos Santos, vestiu o fato-macaco para defender incansavelmente a antiga família presidencial, bem como os muitos problemas herdados do consulado eduardino, frequentemente com argumentos indefensáveis e desastrados – no que foi secundado pelo deputado do “maioritário” João Pinto –, que invariavelmente descambavam em constrangimentos para o partido. CA