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Domingo, 16 Setembro 2018 21:20

Eng. José Eduardo dos Santos: entre a lenda do heroísmo e o eco do patriotismo

O ex – Presidente da República Excelentíssimo Senhor Eng. JES que sempre foi tratado na infância por Zé, deixou de sê – lo na forma adulta, assumindo a expressão de um patriota do bem, o Excelentíssimo Sr ex – Pr JES seguiu os conselhos de Tirandentes que diz no seu aforismo que “O papel mais arriscado, quero-o para mim”, parafraseando Bejamin Martin — no filme “O patriota”, “Sempre temi que meus pecados voltassem para me assombrar, mas o preço do patriotismo é maior do que posso suportar”.

Por João H. Rodilson Hungulo

JES marcou corações, pintando com as cicatrizes dos seus feitos, a consciência da história, contagiando com as suas marcas as vozes do povo. A luta contra o impossível, deixou – lhe cansado, entregue à uma causa de pesado sacrifício, cujo fim, esteve sempre longe de ser efectivo. JES continuará à ser aquele homem que marcou o País com os seus feitos, que merece uma exaltação à dimensão de um património da humanidade. JES é o “bom patriota” que se tornou numa lenda, cujo fervor situa – se entre o heroísmo e o patriotismo, recordando as palavras de um escritor angolano “Tenho orgulho de ser um cidadão angolano, mas também me sinto um cidadão do mundo, por isso, quando um homem num canto da terra luta por sua liberdade, e é perseguido porque quer permanecer como um homem livre, estou ao seu lado com toda a minha solidariedade de cidadão do mundo”.

JES teve o patriotismo em suas veias, isso significa que ele ama muito a sua terra - Angola; esse sentimento está associado à sua disposição de servir o país durante toda sua juventude. Há muitas maneiras pelas quais demonstrou isso, trazer a paz ao país é a demonstração mais óbvia; unir angolanos inimigos, que se perseguiam feitos cão e gato é algo metafísico. Durante a época de conflitos armados JES demonstrou a sua grande veia patriótica: desde os discursos cheios de orgulho nacional até a entrega de corpo e alma à busca de soluções à nação. JES demonstrou – se ser realmente o angolano que tem mais amor pelo seu país – Angola, parafraseando Che Guevarra “Tem de ser pago qualquer preço pelo direito de manter a nossa bandeira alta”; persistindo nos escritos de Che Guevarra “Soy el mismo solitario que era, buscando mi camino sin ayuda personal, pero tengo ahora el sentido de mi deber histórico (…) No tengo casa, ni mujer, ni hijos, ni padres (…) sin embargo estoy contento, me siento algo en la vida, no sólo con una fuerza interior poderosa, también una capacidad de inyección a los demás y un absoluto sentido fatalista de mi misión me quita todo miedo” [Eu sou o mesmo solitário que eu era, procurando meu caminho sem ajuda pessoal, mas agora tenho a noção do meu dever histórico (...) não tenho casa, não tenho esposa, não tenho filhos, não tenho pais (...) vida, não só com uma poderosa força interior, também uma capacidade de injecção para os outros e um sentido absolutamente fatalista da minha missão tira todo o medo].

O fogo do heroísmo de JES continuará vivo na memória da história

De regresso ao passado histórico da nação como disse Winston Churchill "Those who do not remember the past are condemned to repeat it" [Um povo que esquece seu passado está condenado a revivê-lo], estou de novo à espera do passado à fim de encontrar – me com o seu sentido histórico, escrito por homens de sacrifico abnegado e entrega absoluta, como disse Che Guevarra “Es mejor morir de pie que vivir de rodillas” [É melhor morrer em pé do que viver a vida toda de joelhos pregados no chão]. De regresso à viagem do passado histórico do bom patriota, sem perder tempo na descrição de viagens insípidas fábulas, prefiro recrutar a minha energia e escrever sobre o homem herói de JES recordando o adágio Francês “Il n'y a pas d'héroïsme sans cicatrices.” [Não há heroísmo sem cicatrizes], ora, volvendo o espírito aos nossos comuns escritos, ora, recordando o doutíssimo e ao mesmo tempo dulcíssimo tempo de história heróica do Excelentíssimo sr ex – Pr JES, como uma marca eterna que continuará intacta na memória da história, cujo fogo jamais se apagará como se lê no livro “O Grande Herói”, escrito e dirigido por Marcus Luttrell e Patrick Robinson, a incrível missão de um herói é um mistério.

O patriotismo de JES foi o primeiro a aparecer aos olhos da nação para dar – lhe sentido de visão sobre o destino, pois que, malgrada tanta distância do tempo, Angola precisava ver o além do seu destino. JES via e falava com o destino da nação, com o mesmo prazer que transmitiu no seu último discurso à despedida da nação, jurando perante o mundo a sua eterna dedicação que se tornou sagrada para história com um juízo de missão heróica experimentada em toda a sua vida como líder nacional como disse Marcos Pontes no seu livro “Missão Cumprida” “(…) escrito por quem viveu cada minuto de uma historia fascinante, cheia de reviravoltas, emoções, intrigas, dificuldades, superação e sucesso”, esse é o exemplo deixado por JES para o País – uma missão cumprida, uma vida inteira dedicada para Angola e aos angolanos.

JES fez face aos períodos conturbados da história da nação, para escapar que aquele intervalo de tempo, não ficasse por tropeço na alma do angolano, e não parecesse as circunstâncias daquele tempo impossíveis às tentativas sérias de salvar o povo da barbárie da época. Julgou conveniente, o sacrifício abnegado para Angola, e a juventude pregada de joelhos no solo das dificuldades porque passava a nação, carregando nos seus ombros as responsabilidades que caiam em massa sobre o País de Nzinga Mbandi, Ngola Nissari, Mandume, Ekuikui e Ndunduma.

Quem se insurge em geral contra todos os aspectos da vida do País, e, refuta o seu processo histórico, nega a própria existência da pátria, de recordar que não há nação sem história, a não ser que esta não exista na face da terra, e, JES representa a chave da história angolana, por marcar a sua existência ao longo do seu exercício temporal, e geográfico.

Quem se atentar em negligenciar homens como JES, deverá perceber que se tornará inimigo da história, e, ao sê – lo, se torna, no inimigo primeiro do País, porque a história é a memória do povo que lhe dá raízes, lhe dá força para a existência, sem essa, tudo que há de bom para a nação, perde – se na morte eterna.

JES deixou à nação um legado de pesado juízo, que não fez ofendida a história, porém, tem a nação uma dívida à este, por se ter dedicado em toda sua existência para o bem desta. A nação precisa procurar descobrir as suas próprias chagas do passado, e, saber quem a salvou disso tudo, porque, do contrário, se tornará suspeita ao mostrar receio de enaltecer a alma do patriotismo de seus heróis, e elevar – se como um ser objecto da ingratidão expressa contra heróis.

JES é para a nação um contributo inegável, JES é para o mundo um património vivo da humanidade, como disse o escritor Cunha “O Património pode ser compreendido como o próprio ecossistema do homem, e também como ambiente que fabrica para si, situando-se, ele próprio, no âmago desse processo de construção, usualmente chamado de cultural. Neste sentido, vale lembrar que o significado dos artefatos culturais não se encontra neles próprios, mas sim é dado pelas múltiplas e dinâmicas inter - relações que se estabelecem entre estes e o homem”. JES é um homem humanista, sem ele, nem sequer soldados expostos à raiva depois da morte de Jonas Savimbi, teriam sidos tomados pela piedade à perdoar os nomes das pessoas, e, em nome do crime de guerra, matariam o direito à vida dos fracassados. Parafraseando Abraão Chilulo, ex - chefe do Departamento de Promoção Tecnológica da Direcção Nacional de Telecomunicações e Tecnologias de Informação de Angola “Precisamos de levar um pouco de Silicon Valley e influenciar a cultura dos angolanos”.

Ingratos ou Cúmplices?

A ingratidão é um processo que infecta a humanidade em todo seu círculo de existência, como disse Abraham Lincoln "Não seja especialista em usar a crítica ao que está feito como pretexto para nada fazer”. Difícil é reconhecer a entrega, e, o sacrifício dos outros depois de sairmos das armadilhas, e dos problemas que nos bloqueavam. Fácil é menosprezar tudo de bem que os outros fizeram para o solo em que estes nasceram, fácil é depreciar aquilo que os outros deram na força do contributo altruísta. Porém, além de calar absolutamente as vozes da grandeza histórica de patriotas, tempera – se também o estilo da sua glória com as vozes do menosprezo, de forma que o povo deixa de ler a honestidade do tempo e as marcas deixadas por heróis, passando à propósito que deixa de exaltar patriotas e passa à magoá - los.

Tchizé é d”aquelas filhas que ama em profundeza o seu pai como disse Leonardo da Vinci “O amor é o filho da compreensão; o amor é tanto mais veementemente, quanto mais a compreensão for exacta”, Tchizé tudo sacrifica para elevar a pessoa do papa, quase que coloca – se como colete anti – bala para travar os estilhaços lançados contra a imagem do papa, recordando um escritor maroquino “ (…) a força mais poderosa do mundo é o amor”.

Das situações mais estranhas que tomaram vozes dos últimos espaços, vê – se gente a lançar toda culpa ao ex – Pr José Eduardo dos Santos, associando a isso, encontra – se a fuga de gente que lhe era fiel, gente falsa, que rendeu – se à traição, e, deu – o às costas. Os que lhe restavam em volta, muitos dos quais, o medo os tornou mudos.

Outros foi a salvaguarda da hegemonia económica que os fez possesso, porém, o bom patriota está ali, e ninguém mais quer falar sobre seus feitos que já se tornaram numa marca que nem o fogo queima, nem o ferro parte. Suas marcas permanecerão vivas como a luz do sol parada por Josué: “Então, Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel; e disse na presença dos israelitas: Sol detém – te em Bibeão, e tu, lua, no vale de Aijalom. E o sol se deteve, e a lua parou (…). O sol pois se deteve no meio do céu e não se apressou a pôr – se, quase um dia inteiro". JES ficará lembrado na história para sempre, como escreveu Monteiro Lobato "Um País faz - se com homens e livros".

Portanto, a história não é surda, nem tão pouco cega para deixar de radiografar o que de legado Dos Santos deixou à pátria, esse grande homem representa uma figura de memória para a humanidade toda.

O consenso que criou no seio do MPLA é de esplêndido valor, que nem a traça, nem a ferrugem consomem. José Eduardo dos Santos continuará a comover corações como um património inegável da humanidade. Desde os seus exemplos de humanismo, tendo evitado a ocorrência do derramamento de sangue no Luena e por Angola fora (…). Tendo ainda acolhido os sequazes de Savimbi, e os lapidados, postos à cargos de elevada utilidade nacional. Dos Santos representou a figura central de unidade nacional, reconciliação nacional e equilíbrio geopolítico da região austral de África.

A maioria que levantava a sua voz em nome de Dos Santos foi tomada por um silêncio de morte, mas é imperativo preservar o génio de Dos Santos, porque sem este era – nos impossível chegarmos até aqui. Tomado pelo abandono de muitos que lhe eram fiel como escreveu Mateo Alemán “Os hipócritas são como as tâmaras: o doce está fora, o mel nas palavras e o duro lá dentro, na alma”. JES continuará a ecoar o coração do mundo, intacto nas páginas da vida dos angolanos, como o homem que libertou o povo, o homem que comprometeu – se à juventude toda à salvaguarda da pátria, JES seguiu à letra as palavras de Albert Einstein físico teórico alemão radicado nos EUA que recebeu o Prémio Nobel da Física em 1921 “Versuche nicht, ein erfolgreicher Mann zu sein. Aber ein würdiger Mann zu werden” [Não tente ser um homem de sucesso. Mas sim tornar-se num homem de valor], JES tornou - se num verdadeiro homem de valor inegável para o País, moveu a pátria à nação, representou a concretização dos sonhos profundos do País.

Dos Santos deu tudo à pátria, regatando um País entregue no calvário. Não o podemos mantê – lo pregado no crucifico sobre forma de lançá – lo às culpas pelo naufrágio da crise que o País mergulhou, até mesmo sobre ombros d”aqueles que o lançam pedras às costas, encontramos um espaço engravidado em nome da riqueza, carregando em primeira mão, o prémio dos crimes fiscais, ninguém é inocente, e nessa caminhada não se pode fazer de Dos Santos o banco para depositar culpas, visando a defesa de interesses pessoais, e primazia económicas, como se diz na obra de Pepetela “Jaime Bunda: Agente Secreto”, quem parte e reparte se não é burro, fica sempre com a melhor parte. Por conseguinte, caros “compatriotas angolanos” façam o que a nação espera, não tomem um herói numa vítimas dos erros do passado, porque ninguém é inocente, ainda assim, sem esse grande patriota, nunca nos teria sido possível chegar até a paz, a democracia, o perdão e a reconciliação nacional de todos os angolanos de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste, portanto, a guerra fria teria aqui implantado as suas patas acirradas de pesado custo, tornando esse solo num solo escravo dos interesses ocidentais.

JES representa a marca da humildade, como se observa nas palavras do seu último discurso onde faz plasmado o reconhecimento dos erros cometidos ao longo da caminhada, parafraseando as inéditas palavras do Excelentíssimo Sr ex – Presidente Digníssimo Eng. JES "Não existe, naturalmente, qualquer actividade humana isenta de erros e assumo que também os cometi, pois só deste modo os podemos ultrapassar" (…), como fez recordar Mao Tsé – Tung “Guardar – se da arrogância. Isso constitui uma questão de princípio para os dirigentes, mas é também uma importante condição para manter a unidade de um partido e do povo. Nem mesmo aqueles que não cometeram erros graves, e, conseguiram grandes êxitos no trabalho, devem ser arrogantes ao ponto de menosprezar o feito dos outros que deram tudo para salvar a humanidade das tragédias que as assolavam”.

A retirada de JES da política activa nos faz recordar um grande homem que depois de lutar até às últimas circunstâncias, conquistar os maiores anseios do seu povo, deixa o seu país, mas com lágrimas de amor presas no coração, pela pátria que sempre amou e continua amá – la parafraseando Dom Pedro I “Aqui têm a minha abdicação. Estimarei que felizes. Retiro – me da política activa e, deixo um país que sempre amei e que amo cada vez mais!”

BEM – HAJA AO BOM PATRIOTA!

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