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Sexta, 20 Novembro 2015 22:31

Polícia do Mali invade hotel e liberta reféns sequestrados, 27 mortos confirmados

Dois grupos da Al-Qaeda reivindicam ataque ao Radisson Blu Hotel, na capital do Mali.

Ainda não há números oficiais, mas um alto responsável da ONU garantiu à agência Reuters que 27 pessoas morreram durante o assalto terrorista ao hotel Radisson, em Bamaco. As autoridades do Mali revelaram que já não existem reféns no interior do hotel.

As autoridades malianas já anunciaram que todos os reféns, entre hóspedes e empregados, foram retirados do hotel.

No hotel havia cidadãos do Mali, dos Estados Unidos, da Argélia e da Índia.

As forças de segurança ainda não capturaram os assaltantes. Estão a ser feitas buscas quarto a quarto, em todos os pisos. As autoridades procuram explosivos ou membros do grupo que tenham tentado esconder-se.

Desconhece-se o número de homens que ainda estarão entrincheirados num dos andares do hotel.

O hotel de luxo Radisson Blu, em Bamaco, foi atacado na manhã desta sexta-feira (07:00 em Lisboa) por um grupo de 10 terroristas que entraram na unidade a gritar "Allahu Akbar" (Deus é grande). De acordo com o comandante do exército do Mali, Modibo Nama Traore, foram feitos 170 reféns.

Num primeiro momento, três pessoas foram mortas: duas do Mali e uma de França.

As forças especiais do Mali foram chamadas ao local e acabaram por invadir o hotel conseguindo a libertação de várias dezenas de reféns, enquanto outros conseguiram sair pelo próprio pé.

Treze dos reféns eram trabalhadores da unidade hoteleira.

A companhia aérea francesa Air France confirmou que 12 membros da empresa estavam no hotel.

O presidente francês, François Hollande, expressou solidariedade e apoio para com o Mali. O jornal Libération relatou que uma força de elite francesa composta por cerca de 40 efetivos foi enviada para Bamaco.

Um dos reféns libertados confirmou à Reuters que ouviu os atacantes a falarem em inglês.

Também os Estados Unidos confirmaram que estão no local a ajudar os civis, apesar de os cerca de 25 militares norte-americanos em Bamaco não terem recebido um pedido formal de assistência militar.

Portugueses a salvo

José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, confirmou à TSF que, até ao momento, não tem indicação da presença de portugueses no hotel Radisson Blu. Já o Tenente-coronel Ramos Silva confirmou que todos os militares portugueses na capital do Mali estão em segurança.

O Mail é uma antiga colónia francesa e o norte do país foi ocupado, em 2012, por milícias islâmicas ligadas à Al-Qaida, o que levou a uma intervenção militar, que ainda se mantém, liderada pelas forças armadas de França.

Bamaco, a capital do Mali, foi em março alvo de um atentado contra um restaurante usado por estrangeiros onde morreram cinco pessoas. Este atentado de março foi reivindicado pelo grupo islamita Al Murabitun. Fundado em 2013, o grupo é dirigido pelo islamita argelino Mokhtar Belmokhtar.

O ataque foi reivindicado pelos grupos terroristas Al-Qaida no Magrebe Islâmico (AQMI) e Al Murabitun.

Ouvida pela TSF, Sandra Fernandes, diretora do Curso de Relações Internacionais da Universidade do Minho, sublinha que é a primeira vez que dois grupos terroristas com ligações à Al-Qaida reivindicam, em conjunto, um atentado.

"É uma novidade e ao mesmo tempo mostra o modo de funcionamento destes grupos, na medida em que não precisam de estar ligados a uma sede (...) Há espécie uma orientação imanente, que vem tradicionalmente da Al-Qaida e agora estes grupos têm uma espécie de franchising do que é o terrorismo que reivindica uma aplicação do fundamentalismo islâmico em detrimento da soberania dos estados que existem neste momento. É uma novidade a ligação destes dois grupos, mas na Nigéria, que fica muito próxima do Mali, o Boko Haram já fazia o mesmo e reivindicava o que eram reivindicações do Estado Islâmico".

A diretora do Curso de Relações Internacionais da Universidade do Minho diz que o Mali ganha importância por acontecer após os atentados de Paris e explica que este é um ataque, ainda que indireto, à França.

"Terá uma ligação (com Paris) do ponto de vista do que se pretende com este tipo de ataque. Não é um ataque direto aos interesses franceses, mas é uma forma de contestar a presença francesa no Mali. Uma vez que a França já desenvolveu uma operação no Mali e encontra-se a formar as forças do Mali para que possam combater o radicalismo islâmico no seu território. Acho que este atentado vem num contexto muito particular e terá um impacto muito diferente daquele que teria se não fosse na sequência dos atentados de Paris. A União Europeia está a debater o combate ao terrorismo, este é um tema no topo das prioridades das capitais europeias e este ataque vem propulsionar ainda mais a agenda política antiterrorista", afirmou a investigadora.

TSF

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