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Sexta, 09 Outubro 2015 14:36

Polícia moçambicana invade casa de líder da Renamo

A polícia moçambicana invadiu esta sexta-feira a casa do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, na cidade da Beira, centro de Moçambique e prendeu guardas do partido de oposição.

Um dia depois de ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, era esperada uma conferência de imprensa do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, esta sexta-feira às 9h00 (8h00 em Lisboa) na sua casa no bairro das Palmeiras, na cidade da Beira, no centro de Moçambique.

Àquela hora, forças da Unidade de Intervenção Rápida (UIR e Grupo Operativo Especial (GOE) da polícia moçambicana prenderam guardas do partido da oposição e vedaram o acesso dos jornalistas ao perímetro da residência do líder da renamo, que permanecia no seu interior, e evacuaram outras residências vizinhas.

Polícia, políticos e religiosos em conversações na residência do líder da oposição

A polícia moçambicana e personalidades políticas e religiosas prosseguiam ao início da tarde conversações na casa do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na cidade da Beira, algumas horas após uma operação policial que deteve vários homens da sua guarda.

Às 13:30 locais (12:30 em Portugal) encontravam-se reunidos com Afonso Dhlakama a governadora da província de Sofala, Helena Taipo, o arcebispo da Beira, Claudio Zuanna, e mediadores do processo de diálogo entre Governo e Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), alguns dos quais também líderes religiosos.

Os jornalistas continuavam impedidos de se aproximar da residência de Afonso Dhlakama pela polícia, que mantinha um cordão de segurança em seu redor.

Forças especiais da polícia moçambicana invadiram hoje de manhã a casa do presidente da Renamo e prenderam guardas do partido de oposição.

Um dia depois de ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, era esperada uma conferência de imprensa do líder da oposição hoje às 09:00 (08:00 em Lisboa) na sua casa no bairro das Palmeiras, na Beira.

A polícia levou também bens do interior da residência do líder da Renamo e evacuou residências vizinhas.

"De repente, estávamos a ver essas pessoas armadas a mandar-nos sair de casa e a dizer que ninguém pode estar aqui. São esses da UIR [Unidade de Intervenção Rápida] que nos mandaram sair", descreveu à Lusa Ladino Fiel Carvalho, morador do bairro das Palmeiras.

Contactado pela Lusa, o Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Sofala disse ser "inoportuno" pronunciar-se sobre os acontecimentos da manhã de hoje.

O secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, a chefe da bancada parlamentar, Ivone Soares, e o porta-voz do partido, António Muchanga, foram também mantidos fora da residência de Dhlakama, bem como a presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabota.

A invasão da casa de Afonso Dhlakama na Beira acontece um dia depois de ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, após ter desaparecido no dia 25 de setembro em Gondola, província de Manica, durante confrontos entre os homens armados da oposição e as forças de defesa e segurança.

Antes dos acontecimentos de hoje na Beira, registaram-se três incidentes em três semanas com a Renamo, dois dos quais envolvendo a comitiva do presidente do partido.

A 12 de setembro, a caravana de Dhlakama foi emboscada perto do Chimoio, província de Manica, num episódio testemunhado por jornalistas e que permanece por esclarecer.

A 25 do mesmo mês, em Gondola, também na província de Manica, a guarda da Renamo e forças de defesa e segurança protagonizaram uma troca de tiros, que levou ao desaparecimento do líder da oposição para lugar desconhecido.

A Renamo disse que foi emboscada, enquanto a polícia acusou Dhlakama e os seus homens de terem iniciado o incidente ao abrirem fogo sobre uma viatura civil, matando o motorista, e disse que terão de responder criminalmente por homicídio.

Uma semana mais tarde, forças de defesa e segurança e Renamo confrontaram-se novamente em Gondola, com as duas partes a responsabilizarem-se mutuamente pelo começo do tiroteio.

Moçambique vive novos momentos de incerteza política, provocada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de outubro do ano passado e pela sua proposta de governar nas seis províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

Lusa

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