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Segunda, 05 Outubro 2015 09:19

Moçambique: Renamo lamenta que lider seja "alvo a abater"

A Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, lamentou este domingo, que, passados 23 anos do Acordo Geral de Paz, o seu líder, Afonso Dhlakama, seja "o principal alvo a abater".

"Lamentamos bastante que, ao estarmos aqui a comemorar os 23 anos da entrada do multipartidarismo no nosso país, a Frelimo ainda considera o nosso querido presidente, Afonso Macacho Marceta Dhlakama, o alvo principal para se abater", refere um comunicado do partido de oposição, no dia em que se assinalam 23 anos do Acordo Geral de Paz, assinado em Roma e que terminou 16 anos de guerra civil.

No comunicado, a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) lamentou os dois incidentes com a caravana do seu líder em Manica, centro de Moçambique, nos dias 12 e 25 de setembro, este último com o balanço oficial de 23 mortos, entre os homens da guarda do partido, além de um civil.

"Neste ataque participaram como atacantes os membros das FADM [Forças Armadas de Defesa de Moçambique] e da UIR [Unidade de Intervenção Rápida], escolhidos secretamente sem o conhecimento daqueles poucos elementos provenientes da Renamo que estão no exército para levarem a cabo esta ação criminosa, mas que falhou", afirma o partido de oposição.

"Queremos lamentar que nos dois ataques foram ceifadas vidas de alguns elementos da segurança da Renamo e motoristas. Contudo, grande parte das baixas aconteceu do lado atacante, que são as FADM e UIR, embora o governo não esteja a falar em público, para as famílias tomarem conhecimento. Isto é cobardia", prossegue o comunicado.

A Renamo observa que os atacantes usavam "calças ou calções, chinelos ou sapatilhas, colete de balas, cartucheiras para carregamento de munições, capacetes, como autênticos marginais", quando "todas as pessoas sabem que foi a Frelimo que organizou e mandou executar o ataque".

A Renamo diz estar disponível para negociar com o Governo "coisas concretas", como alternância governativa e partilha do poder, acrescentando que não irá demitir-se da sua responsabilidade de continuar a lutar pela preservação da democracia e a paz em Moçambique.

Em Manica, onde se presume encontrar-se Afonso Dhlakama desde o dia 25 de setembro, a Renamo realizou uma celebração paralela às cerimónias oficiais, na sede do partido no bairro da Soalpo.

"Os políticos não estão livres em Moçambique" declarou Sofrimento Matequenha, delegado político da Renamo em Manica, deplorando a perseguição e a tentativa de assassínio do seu líder.

Nas cerimónias oficiais em Manica, o governador provincial, Alberto Mondlane, acusou por sua vez a Renamo de estar a fomentar a guerra e instabilidade no país, apelando para a preservação da paz e ações que possam controlar a atual crise.

Para José Campira, da Comunidade Santo Egídio, entidade religiosa que mediou os acordos de Roma, a paz não pode ser apenas uma força de expressão.

"A paz não pode ser apenas oral e na prática sem se estar a fazer nada", avisou José Campira.

Moçambique celebra hoje 23 anos do Acordo Geral de Paz, assinado em 1992, em Roma, entre Joaquim Chissano, ex-Presidente moçambicano, e Afonso Dhlakama, líder da Renamo, quando vive momentos de incerteza política.

Afonso Dhlakama não reconhece os resultados das últimas eleições gerais e exige a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

O líder da Renamo não é visto publicamente há uma semana, após um incidente com a sua caravana, a 25 de setembro em Zimpinga, onde abandonou as suas viaturas e saiu a pé a norte do lugar, estando em lugar desconhecido.

Esse foi o segundo incidente em menos de duas semanas envolvendo a comitiva de Afonso Dhlakama, após, a 12 de setembro, a sua caravana ter sido atacada também na província de Manica, num caso que permanece por esclarecer.

Lusa

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