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Quinta, 15 Fevereiro 2018 14:31

Kwanza sofre nova desvalorização face ao euro e perde quase 1%

O Banco Nacional de Angola (BNA) vendeu quarta-feira 55 milhões de euros em divisas aos bancos comerciais, o sexto leilão do novo regime flutuante cambial, que levou a uma desvalorização de 0,8% no kwanza, face ao euro.

De acordo com informação disponibilizada hoje pelo BNA, este leilão permitiu colocar no mercado primário divisas para assegurar necessidades de diversos setores, tendo contribuído para o apuramento da taxa de câmbio de referência 11 dos 14 bancos participantes.

Deste leilão resultou a fixação da taxa de câmbio média ponderada de 260,1 kwanzas por cada euro, enquanto a depreciação para a moeda norte-americana chega a 1,4% nesta sessão, fixando-se em 211,2 kwanzas por cada dólar.

Segundo o BNA, foram igualmente disponibilizadas divisas na totalidade da procura reportada pelos bancos "para cobertura de operações relacionadas com pagamento de propinas escolares e despesas hospitalares".

A 07 de fevereiro, o BNA tinha já colocado 225,6 milhões de dólares (184 milhões de euros) em divisas, aos bancos comerciais, no quinto leilão do novo regime flutuante cambial, o primeiro sem qualquer impacto na taxa de câmbio oficial.

No leilão anterior, realizado a 30 de janeiro, o kwanza angolano voltou a sofrer uma depreciação, desta vez de 1,7%, face ao euro, abaixo das limitações introduzidas pelo banco central para travar a especulação cambial.

Desde que a moeda europeia passou a ser a referência para o mercado de Angola, no novo regime flutuante cambial, a 09 de janeiro, a moeda angolana já acumula uma depreciação de quase 30% para o euro, que vale agora 260 kwanzas na compra (pelos clientes), e 21% para o dólar, que vale 211 kwanzas, segundo cálculos feitos pela Lusa com base nas taxas cambiais divulgadas pelo BNA.

No leilão de divisas de hoje voltaram a ser aplicadas, pela quarta vez, as novas regras, anunciadas há três semanas pelo governador do BNA, José de Lima Massano, alterando os limites das propostas que podiam ser apresentadas pelos bancos, que depois são utilizadas para formar a taxa de câmbio do kwanza face ao euro.

A 18 de janeiro, um outro leilão ao abrigo deste modelo - em que os bancos apresentam propostas de compra de divisas em kwanzas - foi suspenso pelo BNA, por as propostas terem ultrapassado o limite máximo (da cotação) definido pelo banco central para estas vendas, acima dos 300 kwanzas por cada euro.

Na reação, o BNA convocou os bancos comerciais para uma reunião, no dia seguinte, e revelou os novos contornos do modelo de leilão de divisas (euros), em que as propostas da "margem máxima" sobre a taxa de referência - ou seja o valor que os bancos podem colocar como apreciação ou depreciação da taxa de câmbio -, "não pode ser superior nem inferior a 2%".

"Significa que em qualquer um dos leilões, a variação máxima que poderá acontecer será de 2%, não mais, não menos", avançou o governador do BNA, no final daquela reunião.

Além das limitações impostas à apresentação de propostas nos leilões, para evitar fortes depreciações súbitas, e numa aparente medida para travar a especulação com o novo modelo de aquisição de divisas, o banco central mexeu na componente de venda de divisas aos clientes dos bancos comerciais, em notas, que deixou de ser de câmbio livre.

"Nós tínhamos até aqui uma margem máxima de 3% para as operações comerciais e tínhamos, para as notas, um câmbio livre. Nós estamos a unificar os mercados, de divisas, de notas, e doravante (...) a margem máxima de comercialização é de 2% sobre a taxa de câmbio de referência que é publicada pelo BNA", esclareceu anteriormente o governador do banco central.

No modelo cambial anterior, até 09 de janeiro, a cotação era fixada diretamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano.

O novo regime flutuante cambial começou a ser aplicado numa altura em que as Reservas Internacionais Líquidas do país estão em mínimos históricos, inferiores a 12.000 milhões de euros, devido à crise da cotação do petróleo.

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