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Quarta, 21 Setembro 2016 20:40

Preço da nota de 100 dólares nas ruas de Luanda desce para 53.000 kwanzas

O valor médio do dólar nas ruas de Luanda continua em queda e chegou hoje a menos de 530 kwanzas ou nota de 100 dólares vale 53.000 kwanzas, depois dos consecutivos aumentos da injeção de divisas na banca, em curso pelo Banco Nacional de Angola (BNA).

O preço praticado no mercado informal permaneceu próximo dos 600 kwanzas por cada dólar norte-americano em agosto e julho, depois de máximos acima dos 630 kwanzas em junho, embora com pontuais flutuações semanais.

Contudo, as rondas semanais da Lusa junto das 'kinguilas' de Luanda, como são conhecidas estas mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas na rua, confirmam as consecutivas quebras das taxas, informais.

Há precisamente uma semana, cada dólar era comprado em Luanda, em média, a 550 kwanzas, valor que tem vindo a descer lentamente, para uma média, hoje, de 530 kwanzas.

Em contrapartida, o BNA vendeu cerca de 900 milhões de euros de divisas aos bancos comerciais em agosto e 930 milhões de euros em julho, valores máximos de 2016. Só em setembro, o BNA já vendeu cerca de 700 milhões de euros em divisas aos bancos.

Contudo, aos balcões dos bancos, persistem as dificuldades no acesso a divisas - devido à crise que afeta o país, decorrente da quebra nas receitas petrolíferas, levando clientes a optarem pelo mercado de rua, apesar de taxas de câmbio que ainda são três vezes superiores à oficial (166 kwanzas).

A Lusa encontrou hoje quem vendesse a nota de dólar, no bairro do São Paulo, a 530 kwanzas, enquanto as 'kinguilas' do bairro dos Mártires de Kifangondo cobravam 520 e as do Maculusso, igualmente no centro de Luanda, 540, tal como na Mutamba.

Algumas destas mulheres confirmaram à Lusa que "há mais dólar para vender" por estes dias, mas sem explicar estas oscilações, além de assumirem que se mantém a forte procura, por entre os habituais receios da polícia, já que se trata de um negócio ilegal.

São preços especulativos que, em muitos casos, como para os trabalhadores expatriados, é a única forma de ter acesso a divisas no atual contexto de crise económica, financeira e cambial, decorrente da quebra nas receitas petrolíferas.

Desde setembro de 2014, a moeda nacional angolana desvalorizou-se em mais de 40 por cento face ao dólar norte-americano, para 166 kwanzas por dólar, à taxa oficial, muito longe dos valores do mercado paralelo.

A inflação também se ressente e os preços a 12 meses atingiram, segundo o Instituto Nacional de Estatística angolano, os 38,1% de aumento, até agosto.

Um documento do Governo angolano prevê que a desvalorização da moeda nacional chega até aos 215,5 kwanzas por cada dólar norte-americano até final do ano.

O BNA recomendou em maio um "maior controlo e responsabilização dos agentes promotores do mercado informal de moeda estrangeira" por parte da polícia.

A instituição revelou já em julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os setores da economia.

O Presidente angolano exigiu ao BNA que encontre soluções para resolver as dificuldades dos clientes e empresas no acesso a divisas, reconhecendo que no momento atual quem tem dinheiro prefere mantê-lo fora do país.

José Eduardo dos Santos explicou que a venda de divisas aos bancos por parte das empresas petrolíferas estrangeiras que operam no país, para obterem moeda nacional para o pagamento das despesas em Angola, são na ordem dos 300 milhões de dólares por mês e não cobrem atualmente as necessidades, como no passado.

O chefe de Estado disse que o Governo já recomendou ao BNA que "trate desta matéria com urgência", em articulação com os bancos comerciais, "para melhor proteger os interesses" de Angola.

LUSA

 

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