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Sexta, 29 Julho 2016 05:31

BNA desvaloriza Kwanza a 23% para 215 Kz por USD e vendas de divisas triplicam para 1.500 milhões USD mês

A moeda nacional angolana deverá ser desvalorizada em quase 30% até final do ano, para 215,5 kwanzas (1,1 euros) por cada dólar, segundo o documento de suporte à revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016.

Há vários meses que a taxa de câmbio oficial em Angola está fixada à volta dos 166 kwanzas (0,91 euros) por cada dólar norte-americano, mas o documento de "Reprogramação Macroeconómica do Executivo", que serve de base à revisão das contas deste ano devido à quebra nas receitas do petróleo no primeiro semestre, prevê um valor médio para 2016 de 184,7 kwanzas (1 euro).

Antes da crise do petróleo, até finais de 2014, a taxa de câmbio oficial rondava os 100 kwanzas por cada dólar, mas neste documento já se antecipa que essa taxa chegue aos 199 kwanzas (um euro) no terceiro trimestre e aos 215,5 kwanzas entre Outubro e Dezembro.

Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada à volta dos 600 kwanzas.

O Ministério das Finanças de Angola confirmou na sexta-feira à agência Lusa que "está em preparação" uma revisão do OGE de 2016, repetindo o que aconteceu em 2015, novamente devido à crise do petróleo.

A medida enquadra-se na reprogramação macroeconómica que o Governo revelou, em comunicado, a 11 de Julho, revendo a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) angolano, face a 2015, dos iniciais 3,3% para 1,3%, e estimando que o défice das contas públicas ascenda não a 5,5% mas a 6,0% do PIB.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores de expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

Só de trabalhadores expatriados portugueses estão retidos, segundo o Governo de Portugal, cerca de 160 milhões de euros de vários meses de salários por transferir para contas nacionais (em divisas).

Angola desistiu, entretanto, das negociações sobre um eventual "programa de financiamento ampliado" do Fundo Monetário Internacional, pretendendo manter as conversações, iniciadas em abril, ao nível de consultas técnicas

LUSA

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