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Sexta, 29 Abril 2016 20:47

Nunca foi tão caro e receoso comprar dólares nas ruas de Luanda

Comprar um dólar nas ruas de Luanda custava hoje até 480 kwanzas, o triplo do câmbio oficial, negócio feito cada vez com mais receio pelas 'kinguilas' angolanas, mulheres que se dedicam à compra e venda ilegal de divisas.

Numa ronda feita pela agência Lusa pelas ruas da capital angolana, o valor mais alto para comprar a nota de dólar a estas mulheres foi no bairro do São Paulo, nos arredores. Noutras zonas, como nos bairros da Maianga ou no Maculusso, centro de Luanda, os valores rondavam hoje os 450 a 460 kwanzas por cada dólar.

A taxa oficial de câmbio fixada pelo Banco Nacional de Angola (BNA) define que cada dólar vale atualmente 166,7 kwanzas. Contudo, a crise cambial que o país atravessa, decorrente da quebra na cotação do petróleo, tornou praticamente impossível a compra de dólares aos balcões comerciais.

Neste contexto, a opção pelo mercado de rua tem sido o último recurso para estrangeiros e nacionais que necessitam de sair do país com divisas, apesar de as taxas de câmbio nunca terem sido tão altas.

Ainda assim, trata-se de um negócio ilegal, em que estas mulheres não pagam impostos ou declaram as compras e vendas, atuando por vezes junto às casas de câmbio, que por sua vez praticamente deixaram de ter dólares para negociar.

Conforme a Lusa constatou nas rondas de hoje, e após várias mensagens a circular dando conta do reforço do combate da polícia a este negócio, as 'kinguilas' optam agora por não fazer as transações nas ruas e sim em casas, para onde levam os clientes.

Antes tentam ainda confirmar o interesse dos clientes, receando tratar-se de agentes policiais, conforme algumas descreveram à Lusa, sempre sob anonimato, também temendo a intervenção das autoridades.

Angola vive desde meados de 2014 uma forte crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo.

O FMI anunciou a 06 de abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo durante uma visita ao país, em maio.

O ministro das Finanças, Armando Manuel, esclareceu entretanto que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

© Lusa

 

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