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Terça, 09 Fevereiro 2016 10:16

Falta de divisas (dólares) é culpa dos bancos, afirma governador do BNA

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) afirma que “antecipações erradas” da crise do petróleo por agentes económicos estão na origem das dificuldades no acesso a divisas, porque as vendas mensais fixam-se nos USD 1.500 milhões.

A posição de José Pedro de Morais Júnior foi assumida ontem, em Luanda, no final da reunião do Conselho de Ministros que aprovou a revisão do Orçamento Geral do Estado para 2015, que, devido à quebra de 59 por cento das receitas do petróleo, implicará um corte de um terço da despesa total pública.

Sobre documento, que agora segue para a Assembleia Nacional, o governador do BNA afirma que o Executivo angolano optou por “preservar o crescimento da economia” e que com esta revisão estão criadas as condições para, no que toca à área de actuação do BNA, manter as reservas internacionais líquidas num nível suficiente para garantir seis meses de importações.

“Dá sustentabilidade não só à moeda mas também reforça a nossa credibilidade externa”, apontou.

Ainda sobre a quebra da cotação do petróleo no mercado internacional, que fez diminuir a entrada de divisas em Angola, José Pedro de Morais Júnior afirma que não existem motivos para as dificuldades relatadas no acesso generalizado a dólares nos bancos comerciais, numa altura em que o câmbio disparou no mercado informal, desvalorizando o kwanza.

“Não houve nenhuma redução da oferta de divisas no mercado cambial, vendidas pelo BNA aos bancos comerciais”, garantiu o governador, revelando que em 2014 essas vendas – que são feitas através de leilões semanais -, até aumentaram 34 por cento face ao ano anterior.

Cifraram-se, em termos médios, em USD 1.500 milhões mensais, disse.

“Foi exactamente este valor que nós vendemos durante o mês de Janeiro, USD 1.500 milhões ao mercado bancário. Significa isto dizer que não há nenhuma redução de oferta de divisas no nosso mercado”, sustentou.

Morais Júnior deu a entender que o problema está nas medidas de protecção adoptadas pelos bancos, face aos efeitos da crise do petróleo, nomeadamente com a intenção de constituírem reservas para prevenir eventuais dificuldades.

“Este congestionamento explica-se porque alguns agentes económicos fizeram antecipações erradas, desenvolveram expectativas negativas em relação ao nosso país, devido à queda do preço do petróleo, e resolveram eliminar o risco que tinham, de créditos, sobre entidades angolanas. E vai daí, introduziram todos os processos de pagamentos sobre entidades angolanas”, disse.

Contudo, face ao volume de vendas que diz estar a ser mantido pelo BNA, o governador rejeita a situação actual, em que é praticamente impossível fazer levantamentos imediatos de dólares aos balcões dos bancos comerciais.

“Esqueceram-se que há uma gestão macroeconómica prudente neste país. E só assim explicamos que não tenha havido qualquer redução de divisas [vendidas pelo BNA] no mercado”, rematou o governador do banco central.

Lusa

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