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Sexta, 05 Fevereiro 2016 20:31

Receitas do petróleo afundam e são fator de risco à economia angolana

O petróleo deverá produzir este ano receitas na casa dos 11 mil milhões de dólares. Uma gota num setor que, há quatro anos, rendeu 40 mil milhões de dólares. Decorrentes deste, outros riscos espreitam a economia angolana.

As baixas receitas fiscais provenientes do setor petrolífero são o principal fator de risco para a atividade económica este ano. Não são o único. O alerta foi lançado pelo director do Departamento de Estatística e Análises da Comissão de Mercados de Capitais (CMC), em Luanda, no encontro anual de quadros da instituição, reporta a agência Angop. Emílio Londa lembrou os números  – Angola teve uma receita petrolífera estimada em 40 mil milhões de dólares em 2012 que, em 2015, rondou os 12 mil milhões de dólares -, para traçar cenários: a maior probabilidade indica que as receitas petrolíferas do Estado para 2016 estejam em torno dos 11 mil milhões de dólares. E conclui, de seguida, que este nível de receita é “insuficiente para realizar os níveis de despesas que o Estado precisa para incentivar a atividade económica do país.”

Outro fator que pode constituir um problema é a existência de muita dívida malparada cruzada na economia angolana, avança Emílio Londa, citado pela Angop. “A maior parte das Obrigações do Tesouro que o Estado irá emitir em 2016, cerca de 26%, tem como objetivo regularizar atrasados muito alto (acima de 2 mil milhões de dólares).”

O crédito é também um aspeto relevante do risco que ameaça a economia angolana. Não só está mais caro como está escasso. Aliás, uma coisa conduz à outra, num efeito de pescadinha de rabo na boca. Em 2015, as taxas de juro interbancárias saltaram de 6% para 12%. Com o sistema reduzido no seu nível de liquidez, os bancos ficam obrigatoriamente mais seletivos. Resultado? Como as taxas dos títulos que o Estado tem emitido na economia em termos de kwanza oferecem retornos muito altos, os bancos preferem conceder créditos ao Estado do que emprestar às empresas. O responsável da CMC apontou o refinanciamento como mais um importante ameaça à economia angola: a situação fiscal do Estado é preocupante, o que faz com que se busque financiamento externo. “Se o governo angolano precisar de usar os seus depósitos de fundo do Banco Nacional de Angola (BNA) poderá afetar os nossos níveis de reservas internacionais líquidas”, explicou.

A Angop reporta ainda que, no que respeita ao risco do sistema financeiro, o gestor considerou como o maior de todos a qualidade dos ativos do sistema bancário, que têm, em termo de empréstimo, 46% do total do seu ativo.

Por Almerinda Romeira/OJE

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