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Terça, 02 Fevereiro 2016 20:54

Angola e Nigéria podem ter de desvalorizar moeda para receber empréstimos baratos

Angola e Nigéria podem ser obrigadas a desvalorizar as suas moedas durante as negociações com o Banco Mundial (BM) e o Banco Africano para o Desenvolvimento (AfDB) para empréstimos concessionais que compensem a quebra nas receitas fiscais.

De acordo com a agência financeira Bloomberg, os dois países estão em negociações com estas duas instituições, mas nenhuma proposta foi ainda oficializada nem os valores dos eventuais empréstimos a taxas mais baixas que as da banca comercial [empréstimos concessionais] foram ainda divulgadas.

Ambos os países "precisam desesperadamente de apoio para sobreviver à nova era de preços do petróleo baixos e finanças públicas pressionadas", escreve a agência de notícias financeira, notando que várias instituições financeiras mundiais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, defendem a desvalorização das moedas.

A intervenção do FMI e do BM pode seguir os mesmos moldes que a do Quirguistão, país onde, na semana passada, responsáveis destas duas entidades estiveram reunidos com o Governo para avaliar o estado das finanças públicas e a possibilidade de ajuda financeira.

O Financial Times, nessa altura, noticiou este encontro considerando que se trata possivelmente do primeiro de vários resgates a países cujas finanças públicas ficaram arrasadas com a quebra dos preços do petróleo, que desceu de cerca de 110 dólares por barril para pouco mais de 30, em apenas um ano e meio.

O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, quer aumentar a despesa pública para um valor recorde de mais de 30 mil milhões de dólares (27,5 mil milhões de euros), incluindo 5 mil milhões de dólares em dívida externa de agências multilaterais e mercados financeiros para tapar um "buraco" orçamental que ronda os 15 mil milhões de dólares.

Já este mês, a Nigéria deverá avançar para um 'roadshow' internacional, apresentando aos investidores os planos de lançamento de mil milhões de dólares em 'eurobonds', disse a ministra das Finanças nigeriana no fim de semana passado.

A responsável confirmou que existem negociações, mas salientou que a proposta formal para uma ajuda de 2,5 mil milhões de dólares do BM e mais mil milhões do AfDB não foi ainda entregue.

Na semana passada, a Lusa tinha noticiado que Angola estava em negociações com o Banco Mundial para um novo programa de empréstimo para o desenvolvimento (DPL).

Em comunicado divulgado então, o Ministério das Finanças garantiu que o líder desta missão do Banco Mundial, Rafael Barroso, "reiterou a disponibilidade" da instituição financeira "para ajudar o país na implementação das reformas preconizadas até março de 2016", com o objetivo de que "o país possa beneficiar do financiamento até o mês de junho".

Já em julho de 2015 Angola tinha anunciado um empréstimo do Banco Mundial de 450 milhões de dólares (415 milhões de euros) e uma garantia financeira para captar recursos no mercado internacional entre 300 milhões a 1.000 milhões de dólares (276 milhões a 923 milhões de euros).

O empréstimo foi então apresentado como a primeira operação financeira para a gestão e desenvolvimento de políticas na área fiscal e do investimento público em Angola, através do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), do grupo Banco Mundial.

De acordo com a informação de hoje do Ministério das Finanças, a missão do Banco Mundial esteve em Luanda entre 25 e 29 de janeiro com o objetivo de "rever as ações precedentes" e "avaliar o grau de cumprimento das ações previamente acordadas entre as parte no âmbito da primeira operação da facilidade DPL", mas também para "dar seguimento das negociações concernentes a concessão da segunda operação por aquela instituição".

Lusa

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