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Terça, 06 Outubro 2015 12:50

Dólares na banca angolana sobem mais de 75% numa semana e chegam aos 500 milhões

A injeção de divisas nos bancos comerciais angolanos aumentou mais de 75 por cento na última semana, para cerca de 500 milhões de dólares, segundo dados do Banco Nacional de Angola (BNA).

A informação resulta do relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, ao qual a Lusa teve hoje acesso, relativamente à venda de divisas entre 28 de setembro e 02 de outubro, realizada a uma taxa interbancária média de 135,978 kwanzas (89 cêntimos de euro), praticamente inalterada face à semana anterior.

Neste período, o BNA vendeu em leilões, aos bancos comerciais, 499,1 milhões de dólares (445,5 milhões de euros), valor que compara com os 284,4 milhões de dólares (254 milhões de euros) injetados na semana anterior, um crescimento semanal de 75,5%.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica, face à redução de receitas fiscais com o petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.

Esta situação já provocou uma desvalorização de mais de 37% no kwanza, face ao dólar norte-americano.

Para tentar retirar pressão de procura aos bancos, o BNA voltou a realizar um leilão de venda de divisas diretamente às casas de câmbio na última semana.

Foram distribuídos, a 29 de setembro, um total de 10 milhões de dólares (8,9 milhões de euros) por 46 das 48 casas de câmbio em situação legal, sendo que estas eram antes obrigadas a comprar diretamente aos bancos, que por sua vez alegavam não ter divisas suficientes.

Contudo, mantêm-se as dificuldades no acesso a moeda estrangeira nos bancos, com o mercado paralelo, de rua, a apresentar taxas de câmbio acima dos 200 kwanzas por cada dólar, para compra de moeda estrangeira.

Esta taxa tem vindo a aumentar nas últimas semanas, conforme constata a Lusa nas ruas de Luanda, junto deste mercado paralelo.

A situação atual de falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

O banco central anunciou no final de maio que aquela instituição passou a ter "elementos para flexibilizar" a gestão do mercado cambial, nomeadamente através do aumento de dois para três leilões de divisas (vendas aos bancos) semanais, para regularizar o fluxo de divisas.

"A procura [de divisas, na banca comercial] não diminuiu. O problema é que eu, pessoalmente, acredito que nem toda a procura de divisas é legítima. Portanto, quando nós pudermos ter uma procura legítima, de certeza que não vai haver falta de divisas", afirmou a 25 de julho o governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior.

Lusa

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