O Correio Angolense sabe que, com o fito de concentrar-se no seu core business, a companhia já remeteu ao Titular do Poder Executivo uma relação de 56 empresas de que pretende abrir mão. Figuram no leque sobretudo empresas participadas e aquelas que não se encaixam no seu objecto social principal.
Nos anos de guerra, e porque era praticamente a única empresa que funcionava com um mínimo de eficiência, a Sonangol viu-se obrigada a carregar às costas toda a economia nacional, estendendo os seus tentáculos em sectores tão díspares como aviação, telefonia móvel, banca, seguros, saúde, entre outros.
De acordo com o novo modelo de funcionamento previsto para a Sonangol EP – também designado por “Programa de Regeneração” – a petrolífera será chamada a concentra-se exclusivamente em actividades nucleares: da exploração e produção de petróleo bruto e gás natural, refinação, liquefação de gás para exportação até à logística e distribuição de produtos refinados e petroquímica.
Adicionalmente está previsto um programa de alienação de activos não nucleares e a optimização do portefólio de participações nas concessões petrolíferas, de forma a que a Sonangol financie a sua própria actividade a curto e médio prazos e reduza a exposição financeira da empresa.
Entretanto, uma questão que vem à tona é o que acontecerá com as empresas que a Sonangol vai largar. Está aqui, seguramente, um monumental desafio para o Executivo. Mas, num contexto em que as autoridades têm no ar o imbróglio relacionado com o repatriamento de capitais, já há quem veja no “vácuo” aberto pela Sonangol uma oportunidade a ser aproveitada pelos endinheirados angolanos que esconderam as suas fortunas no estrangeiro.
Para muitos, desde que devidamente estudados os mecanismos para a sua implementação, as autoridades poderiam avaliar a adopção de uma medida que levasse a que os tais endinheirados aceitassem repatriar os capitais que têm no exterior, investindo-os exactamente nas empresas de que a Sonangol pretende desfazer-se. CA