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Quinta, 10 Mai 2018 15:50

Banco criado após colapso do BESA torna-se no segundo com 'rating' em Angola

 Banco Económico anunciou que se tornou o segundo banco comercial angolano a deter uma classificação pública de 'rating', atribuída pela agência de notação financeira Moody's, chegando ao nível B3 para depósitos em moeda nacional.

A classificação da Moody's, com data de 09 de maio e à qual a Lusa teve hoje acesso, surge depois de aquela agência ter colocado, a 27 de abril, o 'rating' da República de Angola no nível B3, face ao anterior B2, mudando a Perspetiva de Evolução de 'Negativa' para 'Estável'.

Aquele nível de 'rating' representa território de 'Não Investimento', ou 'Junk' (lixo), como é normalmente conhecido.

No caso do Banco Económico, que resultou da reestruturação do antigo Banco Espírito Santo Angola (BESA), a Moody's classificou ainda, entre outras avaliações, os depósitos em moeda estrangeira com o 'rating' de Caa1.

Esta avaliação foi pedida pela instituição, com o objetivo de transmitir "transparência e rigor da sua atividade financeira", conforme refere a informação divulgada pelo Banco Económico.

A instituição admite que "as adversas condições de mercado" em Angola "influenciam a notação atribuída", mas que ao tornar-se no segundo banco angolano com classificação pública de 'rating' pela Moody's a mesma sustenta a "estrutura de financiamento do banco fortemente assente numa base estável de depósitos" e "em métricas robustas quanto à liquidez, tanto em moeda local, quanto em divisas".

"Este 'rating' traduz o resultado do esforço constante realizado pelo Banco Económico nos processos de melhoria contínua da sua operação bancária e da sua capacidade de prestação de contas, agora avaliados por uma instituição financeira independente global", sustentou Sanjay Bhasin, presidente da comissão executiva do Banco Económico.

Após colapso do Banco Espírito Santo (BES) português, o BESA foi intervencionado pelo Estado angolano, a 04 de agosto de 2014.

Devido ao crédito malparado, estimado em 5.000 milhões de dólares, o BESA foi transformado, por decisão dos novos acionistas e conforme exigência do banco central angolano, em Banco Económico, a 29 de outubro de 2014, avançando também um aumento de capital e a entrada da petrolífera Sonangol no capital social (39,4%).

O BES, que tinha o controlo maioritário do BESA (55%) desapareceu da estrutura acionista, vendo a participação diluída no aumento de capital, o mesmo acontecendo com a sociedade Portmill, que perdeu a quota de 24%.

Já o Novo Banco, a instituição que ficou a operar com os ativos 'bons' do BES, ficou, entre outras mais-valias potenciais, com uma participação de 9,72%, por conversão de 53,2 milhões de euros do anterior empréstimo do BES, no valor de 3.300 milhões de euros à data da intervenção estatal.

Na avaliação de 'rating', a Moody's recorda que o processo de reestrutura do ex-BESA previa a compra pela seguradora estatal ENSA de 3.000 milhões de dólares de créditos malparados daquele banco.

A Moody's vê ainda como possível a conversão do empréstimo subordinado do Novo Banco português ao Banco Económico, de 425 milhões de dólares, em capital próprio do banco angolano.

Acrescenta que a administração do Banco Económico comunicou esperar um índice de incumprimento no pagamento de créditos de 29% no final de 2017, mas "caindo abaixo 20% nos próximos 12 meses".

A Moody's destaca igualmente as medidas adotadas pela administração para ultrapassar as "deficiências na gestão de riscos", desde logo com o banco a deixar de conceder empréstimos em moeda estrangeira e com a concessão de empréstimos a passar por um comité de crédito.

A expectativa da agência de notação é que os rácios de capital permaneçam "amplamente estáveis" nos próximos meses, prevendo que o capital gerado internamente será "suficiente para cobrir os custos de crédito antecipados" e que "o banco não tem planos iminentes para aumentar o capital próprio".

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